Segundo o Relatório de Gestão e Contas (RGC) para 2024, divulgado hoje e ao qual a Lusa teve acesso, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa terminou 2024 com um resultado líquido positivo superior a 30 milhões de euros, depois de ter fechado 2023 com 2,5 milhões, e depois de ter terminado os três anos anteriores no negativo.
Em declarações à Lusa, a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social disse fazer "uma leitura positiva", apontando que se conseguiu inverter "uma tendência de descida que se vinha a verificar desde 2019".
"É um resultado histórico, é um resultado que revela seis meses de atividade intensa de recuperação, também de recuperação da ação social, não só de recuperação financeira", defendeu Maria do Rosário Palma Ramalho.
Lembrou que em 2018 a Santa Casa tinha uma almofada financeira de "mais de 200 milhões de euros" e que quando este governo tomou posse encontrou uma disponibilidade financeira inferior a 20 milhões de euros.
Na opinião da ministra, a implementação do plano de reestruturação, apresentado pela atual Mesa, "foi essencial" e defendeu que "uma instituição com esta dimensão e na situação em que estava, não pode caminhar sem um plano de reestruturação financeira que acompanha o plano de atividades normais".
"O que demonstra o relatório e contas deste ano é que as atividades normais foram todas retomadas e a ação social foi retomada e o plano de reestruturação financeira, através das suas várias valências, nomeadamente a valência dos jogos, que asseguraram uma receita mais relevante e o retomar da ação social, foram os grandes motores este ano da execução deste plano de reestruturação", salientou Maria do Rosário Palma Ramalho.
Defendeu, por outro lado, que "nada fazer, em gestão, é gerir mal" e disse que foi essa a situação que encontrou quando assumiu a pasta do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, frisando que "o resultado de nada fazer foi a acumulação de prejuízos, para além, obviamente, de não se cumprir a missão".
"Neste momento nós temos uma atividade a todos os títulos recuperada, em termos da ação social e, portanto, a missão está reposta", apontou a ministra.
Segundo a ministra do Trabalho, "o que estava em causa era salvar a Santa Casa", justificando assim a opção de escolher um "gestor de crises" para liderar a instituição nos próximos anos, e sublinhando que a SCML "estava à beira de desaparecer".
"Nós não podíamos permitir que isso acontecesse e só um gestor financeiro, nomeadamente um gestor financeiro especializado em gestão de crises é que poderia inverter. Estou muito contente ao fim de um ano de termos este resultado e de termos, de facto, salvado a Santa Casa, não por si, mas para cumprir a sua missão assistencial", disse ainda a ministra.
Leia Também: Santa Casa fecha 2024 com lucro de 30 milhões após reestruturação