"Não vejo que alguém revele numa conferência que comprará o Novo Banco"

O presidente da CGD disse hoje que a compra do Novo Banco implicaria 'remédios' devido à concentração no mercado e levantou dúvidas sobre uma aquisição parcial, referindo que ninguém divulga numa conferência se comprará o banco.

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Lusa
22/05/2025 19:17 ‧ há 3 horas por Lusa

Economia

Paulo Macedo

Na conferência de imprensa de apresentação dos resultados do primeiro trimestre (lucros de 393 milhões de euros), em Lisboa, Paulo Macedo foi questionado várias vezes sobre a compra do Novo Banco pela CGD.

 

O gestor foi dizendo que não queria comentar mais o que vem dizendo recentemente, até porque não há qualquer novidade e acrescentou que ninguém espera que algum operador revele as suas intenções numa conferência de imprensa.

"Não estou a ver que alguém revele numa conferência de imprensa que vai comprar o Novo Banco ou não", afirmou.

Ainda assim, Paulo Macedo foi elaborando sobre vários cenários em cima da mesa que poderiam envolver o banco público.

Sobre uma compra pela CGD da totalidade do Novo Banco, recordou que ficaria uma entidade demasiado grande à luz das regras da concorrência e que nesse caso teriam de ser postos em prática 'remédios' para o banco público perder dimensão.

"Conhecem as regras da concorrência, haveria concentração significativa que levaria a vários remédios, seria preciso um conjunto enorme de remédios", disse Macedo.

O gestor afirmou que, perante isso, há "outras alternativas" que a CGD irá ver, mas sem detalhar.

Sobre o interesse da CGD em crescer na quota de empresas, provavelmente através da compra de uma operação dessa área, e questionado se uma ideia poderia ser comprar essa parte do Novo Banco, o gestor disse apenas que "essa separação [das atividades do Novo Banco] seria complexa".

Macedo não quis deixar ideias mais precisas daquilo que a CGD fará mas avisou: "A Caixa não será a Nêspera", uma referência a um poema de Mário Henrique Leiria para indicar que a CGD não ficará quieta enquanto os outros se movimentam.

'Uma nêspera estava na cama/deitada/muito calada/a ver/o que acontecia/chegou a Velha/e disse/olha uma nêspera/e zás comeu-a/é o que acontece/às nêsperas/que ficam deitadas/caladas/a esperar/o que acontece', diz o poema.

Sobre o ministro das Finanças, Miranda Sarmento, ter dito que seria bom "para o mercado bancário português que a presença espanhola não aumentasse" - numa altura em que se fala no interesse do espanhol CaixaBank (dono do BPI) no Novo Banco -, Paulo Macedo recordou que há anos que alerta sobre a banca portuguesa em mãos espanholas.

"Acho que não é saudável para Portugal ter 50% da banca em mãos espanholas", disse.

Afirmou ainda o gestor que com este Governo, tal como anteriores, sente "conforto" em apresentar propostas que considerem importantes para o seu negócio.

Sobre a CGD estar sobrecapitalizada, Macedo disse que, perante esse excesso de capital, o banco público "ou fará investimento ou distribuirá mais [dividendos] ao acionista".

A CGD, que hoje apresentou lucros de 393 milhões de euros no primeiro trimestre, é totalmente detida pelo Estado.

O principal acionista do Novo Banco, Lone Star, anunciou para este ano a venda de parte do banco. Uma vez que o fundo de investimento tem 75% da instituição e o Estado português tem 25% (13,54% detidos pelo Fundo de Resolução e 11,46% pela DGTF - Direção-Geral do Tesouro e Finanças), é preciso saber se o Governo e Fundo de Resolução também avançarão para a venda das suas ações em bolsa.

No início do ano, o Jornal de Negócios noticiou que a Lone Star está a avaliar o Novo Banco em 5.000 milhões de euros.

Em junho de 2024, o Fundo de Resolução comprou ao Estado mais 4,14% do Novo Banco por 128 milhões de euros (passando a deter 13,54%), pelo que avaliou então o banco em mais de 3.000 milhões de euros.

Leia Também: CGD emprestou 530 milhões em crédito à habitação com garantia pública

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