Durante o final de 2022, Céline Dion anunciou que tinha sido diagnosticada com a síndrome da pessoa rígida. A doença obrigou a cantora canadiana a afastar-se dos palcos e, ao longo dos últimos anos, tem feito raras aparições em público.
Joaquim Machado Cândido, neurologista e diretor clínico da Andar Clinic, em Lisboa, esclareceu todas as dúvidas ao Lifestyle ao Minuto, no âmbito da rubrica 'O Médico Explica'. Começa por explicar que se trata de uma "condição neuromuscular rara que se caracteriza por rigidez muscular progressiva e pela presença de espasmos musculares". "Estima-se que haja um a dois casos por milhão de habitantes", acrescenta o neurologista.
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A doença está "frequentemente associada a outras condições autoimunes e neurológicas" e, infelizmente, "a causa exata da síndrome da pessoa rígida não é totalmente compreendida, mas acredita-se que esteja relacionada a uma resposta autoimune". Além disso, pode começar a manifestar-se "em diferentes idades, mas geralmente os primeiros sintomas surgem entre a terceira e quinta década de vida".
© Joaquim Machado Cândido
Quanto aos principais sintomas, o médico afirma que a condição pode causar rigidez muscular, algo que "afeta predominantemente o tronco, dificultando e tornando dolorosos os movimentos", assim como espasmos musculares que "podem ocorrer de forma repentina e muitas vezes são desencadeados por estímulos como toque, stress ou ruído".
Pode ainda contribuir para uma postura anormal já que em alguns casos "a rigidez e os espasmos podem levar a posturas incorretas" e causar fadiga, porque "os indivíduos afetados podem sentir-se cansados devido à tensão muscular constante". Tudo isto faz com que seja uma doença incapacitante.
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O médico realça que "os espasmos podem interferir significativamente nas atividades de vida diária, afetando a sua mobilidade e a realização de tarefas simples como caminhar, levantar objetos ou até mesmo manter uma postura confortável".
Geralmente, o "tratamento pode incluir medicamentos como relaxantes musculares, e fisioterapia para ajudar a aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida". Se esta orientação terapêutica não apresentar melhorias, "o paciente deve ser avaliado por um médico neurologista".
Ainda assim, é possível ter uma vida 'normal' mesmo tendo esta condição. "Sim, é possível, embora possa variar de acordo com a gravidade dos sintomas e da sua etiologia", assegura Joaquim Machado Cândido.
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