"A República Argentina manifesta o seu profundo desacordo com a recente decisão do Tribunal Penal Internacional", que ignora "o direito legítimo de Israel de se defender perante os constantes ataques de organizações terroristas como o Hamas e o Hezbollah", escreveu hoje a presidência argentina num comunicado divulgado pelo Presidente na rede social X (antigo Twitter).
"Israel enfrenta uma agressão brutal, uma tomada desumana de reféns e ataques indiscriminados contra a sua população. Criminalizar a legítima defesa de uma nação e ignorar estas atrocidades é um ato que distorce o espírito da justiça internacional", acrescentou o líder argentino.
O TPI emitiu hoje mandados de captura contra o primeiro-ministro israelita, o ex-ministro da Defesa de Israel e o chefe do braço militar do movimento islamita Hamas, Mohammed Deif, cuja morte foi reivindicada por Israel.
"O tribunal emitiu mandados de captura contra dois indivíduos, o senhor Benjamin Netanyahu e o senhor Yoav Gallant, por crimes contra a humanidade e crimes de guerra cometidos pelo menos desde 08 de outubro de 2023 e até pelo menos 20 de maio de 2024, dia em que o Ministério Público apresentou os pedidos de mandados de detenção", indicou o TPI em comunicado.
O líder argentino tem-se apresentado como um aliado próximo de Israel, tendo visitado o país em fevereiro e causado controvérsia ao comparar o ataque do Hamas ao Holocausto e ao anunciar a sua intenção de transferir a embaixada argentina para Jerusalém.
"A Argentina é solidária com Israel, reafirma o seu direito de proteger o seu povo e exige a libertação imediata de todos os reféns", e apela "à comunidade internacional para que condene as acções do Hamas e do Hezbollah, defenda a soberania de Israel e actue com justiça e imparcialidade na procura de uma paz duradoura na região", conclui o comunicado.
O TPI anunciou também o mandado de captura contra Mohammed Deif, o líder das forças militares do Hamas, que, segundo Israel, foi morto num ataque a 13 de julho no sul da Faixa de Gaza, embora o Hamas negue a sua morte.
Os mandados judiciais foram classificados como "secretos", de forma a proteger as testemunhas e garantir que as investigações possam ser conduzidas, de acordo com o comunicado, que ressalva que o tribunal "considera que é do interesse das vítimas e dos seus familiares que sejam informados da existência dos mandados".
O Ministério da Saúde em Gaza afirma que cerca de 44.056 de pessoas foram mortas no enclave desde o início da guerra, desencadeada por um ataque sem precedentes levado a cabo pelo Hamas em 07 de outubro de 2023 ao sul Israel, que matou cerca de 1.200 pessoas e que fez perto de 250 reféns.
Como retaliação, Israel lançou uma campanha de bombardeamentos seguida de uma ofensiva terrestre em Gaza, causando mais de 104 mil feridos na Faixa de Gaza e levando à deslocação de quase todos os 2,4 milhões de habitantes na região, que se encontra numa situação de catástrofe humanitária.
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