O Ministério Público (MP) francês pediu, esta segunda-feira 25 de novembro, 20 anos de prisão para Dominique Pelicot pelo crime de "violação agravada" contra a ex-mulher Gisèle, de 71 anos, avança o Le Figaro.
Além da pena de prisão, os procuradores também querem que o francês, que está detido desde o dia 4 de novembro de 2020, seja sujeito a tratamento, pelo menos, durante 10 anos.
"Vinte anos a viver entre quatro paredes numa cela de prisão pode ser muito, mas não é nada dada à gravidade dos atos cometidos. É, portanto, com a maior das convicções que solicito a pena de 20 anos de prisão para Dominique Pelicot", disse esta manhã a procuradora Laure Chabaud, na abertura das alegações finais perante o tribunal penal de Vaucluse, em Avignon, no sudeste de França.
Para o MP francês, o crime ganha proporções ainda mais graves ao ter sido praticado em grupo, ao cônjuge e sob "subjugação química".
Além disso, como recordaram os procuradores, Dominique tinha também imagens sexuais da filha, Caroline, e das noras. "Dominique Pelicot é acusado de um número considerável de violações agravadas, mas também de crimes conexos, em particular contra a filha e noras", lembrou Laure Chabaud, acrescentando que, em pelo menos uma das vezes, o francês descreveu-as como "p****".
"Esta observação mostra que o comportamento desviante e criminoso de Dominique Pelicot não afeta apenas a sua agora ex-esposa", considerou a procuradora, salientando que a dor de Caroline é tão grande que não tem "enquadramento jurídico".
Até ao momento não foi registada nenhuma queixa contra Dominique Pelicot em relação à filha, uma vez que não há provas que este a tinha violado ou drogado com esse intuito. Aliás, essa é a única acusação que o arguido nega.
Recorde-se que Dominique admitiu ter recrutado homens online, num site entretanto encerrado, durante quase uma década, para violar a mulher enquanto ela estava sob o efeito de sedativos pesados e medicamentos para dormir, que ele administrou em segredo.
Ao longo de 11 semanas de testemunhos em tribunal já foram ouvidas dezenas de homens acusados do crime. No entanto, a maioria negou ter violado a mulher, uma vez que garantem que pensavam que a francesa estaria a dormir ou a jogar um jogo e não que estivesse inconsciente.
O veredito do julgamento deverá ser proferido, o mais tardar, a 20 de dezembro.
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