Em 16 de outubro de 2020, Samuel Paty, um professor de história e geografia de 47 anos, foi esfaqueado e depois decapitado perto de uma faculdade em Conflans-Sainte-Honorine, a noroeste de Paris, onde lecionava.
O assassino, Abdoullakh Anzorov, um jovem russo tchetcheno, que procurava asilo em França, foi morto pela polícia pouco depois.
Dois dos seus amigos estão a ser acusados por cumplicidade no homicídio, crime punível com prisão perpétua.
Os outros seis, incluindo Sefrioui, de 65 anos, que será ouvido em 03 de dezembro, estão a ser julgados por participação numa associação criminosa terrorista, podendo ser condenados a 30 anos de prisão.
"Sefrioui é um homem de fé (...) mas nada radical", realçou a sua companheira, Ikram H., de 34 anos, que depôs utilizando um véu branco.
"Sefrioui autoproclama-se um imã. Para mim, é um islamista fanático", considerou, pelo contrário, Hassen Chalghoumi, o imã de Drancy (subúrbio de Paris).
Ikram H. e Abdelhakim Sefrioui, 31 anos mais velho, conheceram-se em 2009 durante reuniões do coletivo Cheikh-Yassine, criado por Sefrioui em 2004 e conhecido pelo seu apoio ao movimento islamita palestiniano Hamas e pelas suas manifestações que apelam à destruição de Israel.
Mas apesar de tudo isto, garante a sua companheira, "o coletivo Cheikh-Yassine era antes de mais um grupo de amigos".
"Escolher o nome Sheikh Yassine, o fundador do movimento terrorista Hamas para nomear o seu movimento é significativo, ele é o guru do islamismo", assegurou, por sua vez, o imã de Drancy.
Vivendo sob proteção policial, forçado a mudar de casa a cada três dias, a sua família forçada ao exílio e a mudar de identidade, Hassen Chalghoumi, de 52 anos, relatou o seu primeiro encontro com Sefrioui em 2010, em frente à sua mesquita em Drancy .
O imã falou a favor da proibição do véu integral nos espaços públicos. Esta posição valeu-lhe a ira dos islamitas mais radicais e, em particular, de Abdelhakim Sefrioui, que organizou várias manifestações em redor e na mesquita de Drancy.
Um investigador antiterrorismo exibiu vídeos destas reuniões em tribunal, no início desta semana. O imã de Drancy foi descrito como um "criminoso" pelos manifestantes.
Em outubro de 2020, no vídeo do acusado contra Samuel Paty, o professor foi também chamado de "criminoso".
Esta qualificação equivale a "uma fatwa (decreto religioso)", afirmou o imã.
O termo "criminoso" não foi feliz, admitiu Ikram H., que acredita que o discurso do seu companheiro neste vídeo "não foi violento, mas apenas inflamador".
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