"O secretário-geral condena todas as formas de violência e apela a todas as partes no conflito para que exerçam o máximo de contenção, defendam os direitos humanos e o direito internacional humanitário e evitem mais incitação à violência e tensões intercomunitárias", instou o gabinete de Guterres, em comunicado, assinalando "quatro anos desde que os militares tomaram o poder e detiveram arbitrariamente membros do Governo democraticamente eleito em 01 de fevereiro de 2021".
O ex-primeiro-ministro português reiterou a sua "preocupação" com a intenção declarada dos militares de realizar eleições num momento em que o conflito está cada vez mais aceso, incluindo "bombardeamentos aéreos e violações generalizadas dos direitos humanos e sem condições que permitam ao povo de Myanmar exercer livre e pacificamente os seus direitos políticos".
De acordo com as Nações Unidas (ONU), mais de 19,9 milhões de pessoas em Myanmar -- mais de um terço da sua população -- precisam de assistência humanitária, um número que contraste com um milhão de pessoas que necessitavam desse apoio antes da tomada do poder pelos militares, há quatro anos.
Guterres apelou ainda aos países da região para que concedam acesso à segurança e proteção para as pessoas que fogem de conflitos e perseguições e para que a comunidade internacional forneça maior apoio a esses países, incluindo ao Bangladesh, que receberam refugiados de Myanmar.
"Um futuro viável para Myanmar deve garantir segurança, responsabilidade e oportunidade para todas as suas comunidades, incluindo os Rohingya, e abordar as raízes do conflito, discriminação e privação de direitos em todas as suas formas", concluiu Guterres, reafirmando o seu "apoio inabalável" ao povo de Myanmar nesses esforços.
Myanmar atravessa uma espiral de violência desde que o exército birmanês derrubou o Governo democraticamente eleito da líder Aung San Suu Kyi, em fevereiro de 2021.
Depois de o exército ter usado força letal para reprimir manifestações pacíficas, muitos opositores do regime militar pegaram em armas e grandes zonas do país estão agora submersas por conflitos.
O Governo militar birmanês intensificou os ataques aéreos nos últimos três anos contra grupos armados pró-democracia conhecidos coletivamente como Força de Defesa do Povo e contra movimentos armados de minorias étnicas, que lutam há décadas por uma maior autonomia. Uns e outros realizam por vezes operações conjuntas contra o exército.
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