Bonobos percebem quando um humano não sabe alguma coisa e tentam ajudá-lo

Os macacos bonobos conseguem perceber quando um humano não sabe onde está uma guloseima e tentam ajudá-lo a encontrá-la, segundo um estudo que contraria a ideia que intuir a ignorância dos outros é uma capacidade exclusivamente humana.

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© Jacob King/PA Images via Getty Images

Lusa
04/02/2025 06:54 ‧ há 2 horas por Lusa

Mundo

Estudo

Uma equipa da Universidade Johns Hopkins (EUA) publicou na PNAS um estudo sobre o comportamento de um grupo de macacos bonobos, no qual concluem que estes percebem quando os humanos não sabem informação e comunicam em conformidade.

 

Nyota, de 25 anos, Kanzi, 43 anos e Teco, de 13 anos, que vivem na Ape Initiative, uma organização sem fins lucrativos dedicada à investigação e educação, são três bonobos machos que participaram no estudo.

O objetivo era obter uma recompensa, que os macacos só poderiam receber se lhes fosse dada por um humano, que por vezes tinha visto em que copo estavam escondidos e outras vezes não.

Para obter as guloseimas, os macacos apontavam animadamente para o esconderijo quando a pessoa não tinha visto onde tinham sido colocadas, uma experiência aparentemente simples que demonstrou, pela primeira vez, que os bonobos comunicam informações desconhecidas em nome do trabalho em equipa, sublinharam os autores.

O estudo fornece a evidência mais clara até à data de que os macacos podem sentir a ignorância de outro, uma capacidade que antes era considerada exclusivamente humana.

"Esta capacidade por detrás dos nossos comportamentos sociais mais sofisticados e é fundamental para a forma como cooperamos. Nós comunicamos e trabalhamos juntos estrategicamente", apontou Chris Krupenye, um dos autores.

O cientista indicou que esta chamada teoria da mente sustenta muitas das capacidades que tornam os humanos únicos, como o ensino e a linguagem, e é por isso que "muitos acreditam que está ausente nos animais".

Este trabalho demonstrou, realçou, "os ricos fundamentos mentais partilhados pelos humanos e outros macacos, e sugere que estas capacidades evoluíram há milhões de anos nos nossos antepassados comuns".

Durante a experiência, um dos bonobos sentou-se à mesa de um dos autores do estudo, Luke Townrow.

O macaco conseguia sempre ver uma segunda pessoa a colocar um rebuçado, uma uva ou um anel de cereais debaixo de um dos três copos. O investigador, no entanto, conseguia ver onde o rebuçado era colocado umas vezes e outras não.

O investigador perguntou: "Onde está a uva?" e esperou dez segundos. Nos casos em que o Townrow viu a recompensa escondida, o animal esperou pacientemente para receber o seu prémio.

Mas quando não via onde estava escondida a guloseima, o macaco apontava rapidamente para o copo correto, por vezes de forma bastante demonstrativa.

"Os seus dedos apontaram através da malha; "Era claro o que estavam a tentar comunicar", frisou Krupenye, citado pela universidade.

O trabalho é o primeiro a reproduzir num ambiente controlado descobertas semelhantes da natureza, sugerindo que os chimpanzés vocalizam para alertar outros membros incautos do grupo sobre possíveis ameaças, como uma cobra.

Os resultados sugerem ainda, acrescentou Krupenye, que os macacos podem manter "duas visões do mundo contraditórias simultaneamente nas suas mentes.

Sabem exatamente onde está a comida e, ao mesmo tempo, sabem que a visão do parceiro sobre a mesma situação carece dessa informação", explicou.

De seguida, a equipa trabalhará para explorar mais a fundo as motivações dos macacos e como pensam sobre as mentes de outros indivíduos.

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