"Este não parece ser um plano que alguém tenha considerado seriamente. Parece mais um balão de ensaio, ou talvez uma tentativa de mostrar apoio a Israel", disse Barak à rádio do exército, segundo a agência espanhola EFE.
Barak, durante cujo mandato começou a segunda intifada (2000-2005), disse que vê a proposta de Trump mais como um aviso a países árabes da região para que apresentem um "caminho prático para Gaza" e ajudem a "retirar o Hamas do poder" no enclave.
Barak, 82 anos, tem sido muito crítico do atual chefe do executivo e, em 2023, pouco depois dos atentados de 07 de outubro, acusou Benjamin Netanyahu e o Governo de terem encorajado indiretamente o Hamas durante anos.
Numa entrevista ao semanário alemão Der Spiegel, Barak afirmou que Netanyahu tinha "enfraquecido ativamente" a Autoridade Nacional Palestiniana (ANP), que governa pequenas áreas da Cisjordânia sob ocupação israelita.
Com isso, argumentou, a administração de Netanyahu dificultou as negociações com os palestinianos, uma vez que estes têm um mandato dividido entre a ANP e o Hamas, que controla Gaza desde 2007.
O ministro da Defesa israelita, Israel Katz, ordenou que o exército preparasse um plano para permitir que os palestinianos deixassem a Faixa de Gaza.
A ordem foi dada um dia depois de Trump ter anunciado o plano para os Estados Unidos assumirem o controlo do enclave, expulsando toda a população para transformar Gaza na "Riviera do Médio Oriente".
"O povo de Gaza deve poder usufruir de liberdade de movimento e de emigração, como é habitual em todo o mundo", afirmou Katz num comunicado.
"Países como a Espanha, Irlanda, Noruega e outros que fizeram falsas acusações e reivindicações contra Israel pelas suas ações em Gaza são legalmente obrigados a aceitar quaisquer residentes de Gaza nos seus territórios", acrescentou.
Trump afirmou hoje nas redes sociais que se os Estados Unidos assumissem o controlo de Gaza os palestinianos teriam uma vida melhor e a oportunidade de "serem felizes, seguros e livres", mas noutro lugar.
"Os Estados Unidos, trabalhando com grandes equipas de desenvolvimento de todo o mundo, iniciariam lenta e cuidadosamente a construção do que viria a ser um dos maiores e mais espetaculares empreendimentos do género na Terra", afirmou.
O Hamas rejeitou as declarações de Trump e apelou à convocação de uma cimeira árabe de emergência para "confrontar o plano de deslocação".
A Faixa de Gaza está praticamente destruída após 15 meses de bombardeamentos israelitas em retaliação pelos atentados do Hamas em Israel em 7 de outubro de 2023.
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