UE diz estar a trabalhar para "resposta mais forte" na RDCongo

A chefe da diplomacia da União Europeia disse hoje que trabalha numa "resposta mais forte" comunitária ao conflito entre República Democrática do Congo (RDCongo) e o grupo M23 apoiado pelo Ruanda, lembrando o papel das forças ruandesas em Moçambique.

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© FREDERICK FLORIN/AFP via Getty Images

Lusa
12/02/2025 15:13 ‧ há 3 horas por Lusa

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Kaja Kallas

"Estamos a trabalhar neste momento para dar uma resposta mais forte, mas precisamos de uma decisão unânime de todos os Estados-membros e isso é, mais uma vez, um problema, mas estou a trabalhar nisso", declarou a Alta Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Kaja Kallas, em entrevista à Lusa e outras agências europeias em Bruxelas no âmbito do projeto Redação Europeia (European Newsroom).

 

Aludindo às crescentes tensões no leste da RDCongo, a chefe da diplomacia comunitária apontou que uma das opções seria "a suspensão do Memorando de Entendimento relativo às matérias-primas essenciais" com o Ruanda, bem como a aplicação de sanções da União Europeia (UE).

"Mas precisamos de ter os 27 Estados-membros a bordo", dada a necessária unanimidade no Conselho para tomar tais decisões, recordou Kaja Kallas, falando ainda num "dilema" pelo facto de o Ruanda "ser a porta de entrada global e, ao mesmo tempo, ajudar na missão de manutenção da paz em Moçambique".

A responsável referia-se ao envolvimento do Ruanda no Mecanismo de Apoio à Paz na província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, onde têm ocorrido ataques reclamados por movimentos associados ao grupo extremista Estado Islâmico, custeado pela UE.

"Mas, ao mesmo tempo, vemo-los a atacar o Congo (Republica Democrática) e há muitas vítimas e também queremos acabar com isso", apontou.

Kaja Kallas defendeu que esta questão deveria ser debatida "num sentido mais lato", sugerindo a criação de um Processo de Kimberley -- o processo de certificação de origem de diamantes para evitar a compra e venda de diamantes de procedentes de áreas de conflito, guerras civis e de abusos de direitos humanos --, mas para as matérias-primas essenciais.

"Precisamos de algo deste tipo para as matérias-primas essenciais [...] se um país estiver a atacar outro país, a apoderar-se das minas e a vender esses materiais como se fossem seus e puder financiar a sua guerra com essas matérias-primas", adiantou.

Já questionada pela Lusa sobre a situação política em Moçambique, a responsável disse que, de momento, o contexto está "mais calmo e discreto".

A posição surge depois de, no final de janeiro, a Comissão Europeia ter anunciado que a UE está a avaliar a sua cooperação com o Ruanda, considerando o apoio de Kigali ao Movimento 23 de março (M23), que ocupou Goma, no leste da RDCongo.

O M23 ocupou províncias congolesas ricas em minerais, sendo que um dos acordos celebrados entre a UE e o Ruanda relativo à aquisição de matérias-primas estratégicas para a transição energética do bloco europeu.

Desde 1998, o leste da RDCongo, país que foi uma colónia belga, está mergulhado num conflito alimentado por milícias rebeldes e pelo exército, apesar da presença da Missão de Estabilização das Nações Unidas na República Democrática do Congo (Monusco).

A RDCongo tem fronteiras com Angola.

Leia Também: Ucrânia? "Não é possível chegar a um acordo sem europeus ou ucranianos"

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