Donald Trump tomou posse como 47.º presidente dos Estados Unidos há menos de um mês, a 20 de janeiro, e desde então fez várias mudanças e tomou posições polémicas. Considerar que a Ucrânia "poderá ser russa um dia", que os palestinianos não teriam "direito de retorno" à Faixa de Gaza ou que as palhinhas de papel "não funcionam" estão entre as afirmações mais recentes.
Numa entrevista à Fox News, na segunda-feira, Trump levantou a possibilidade de a Ucrânia se tornar "russa um dia" e afirmou que Washington deve ter acesso às terras raras ucranianas em troca de ajuda americana.
"Quero que o nosso dinheiro esteja seguro porque estamos a gastar centenas de milhares de milhões de dólares", disse. "Podem chegar a um acordo, podem não chegar a um acordo. Podem ser russos um dia, podem não ser russos um dia", acrescentou, em referência à invasão da Ucrânia por parte da Rússia.
Na mesma entrevista, Trump afirmou que os palestinianos não teriam o "direito de retorno" à Faixa de Gaza após a reconstrução do enclave. "Não, não teriam, porque terão alojamentos muito melhores", afirmou quando questionado sobre a temática.
"Por outras palavras, estou a falar de construir um lugar permanente para eles, porque se regressassem agora, levariam anos a reconstruir Gaza. Não é habitável", justificou.
Anteriormente, durante um encontro com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, o republicano declarou que os Estados Unidos iam "tomar posse" da Faixa de Gaza e "livrar-se dos edifícios destruídos", com o objetivo de desenvolver economicamente o território. Repetiu também que os habitantes de Gaza poderiam ir viver para a Jordânia ou para o Egito, apesar da oposição destes e de muitos outros países, além da dos próprios palestinianos.
No entanto, cerca de trinta relatores e especialistas em direitos humanos da ONU já rejeitaram a ideia de os EUA assumirem o controlo de Gaza, alertando que "significaria um regresso aos anos sombrios da conquista colonial".
"Uma violação tão flagrante por parte de uma potência quebraria o tabu global no que respeita a agressões militares e encorajaria outros países predadores a apropriarem-se de territórios estrangeiros, com consequências devastadoras para a paz e os direitos humanos", alertaram numa comunicação conjunta.
Fora da política internacional, Trump decidiu, na segunda-feira, assinar uma ordem executiva para o regresso das palhinhas de plástico porque as de papel "não funcionam" e não duram muito tempo.
"É uma situação ridícula. Vamos voltar às palhinhas de plástico", assegurou Donald Trump, quando assinou a ordem executiva para rever as políticas federais de compras que restringem as palhinhas de plástico.
Decidiu ainda impor novas tarifas, desta vez de 25% às importações de alumínio e aço, que poderão afetar sobretudo o México, Canadá e Brasil.
"Isto é importante, vamos tornar os Estados Unidos ricos novamente", disse, acrescentando que as tarifas serão aplicadas a nível global e que não haverá exceções para nenhum país.
O republicano garantiu ainda que nas próximas quatro semanas vai realizar reuniões para analisar novas tarifas e deu como exemplos os veículos, os semicondutores e os produtos farmacêuticos.
Europeus não veem EUA como aliados, aliás, desconfiam
O regresso de Donald Trump à Casa Branca redefiniu a perceção dos europeus sobre a relação transatlântica, olhando para os EUA como um "parceiro necessário", em vez de aliado preferencial, de acordo com um estudo hoje divulgado.
O estudo - que abrangeu 14 países, incluindo Portugal - revela que 50% dos europeus partilham uma visão pragmática, embora desconfiada, sobre os EUA, enquanto apenas 21% ainda consideram Washington um aliado.
Portugal reflete esse sentimento, mantendo uma postura crítica, mas não hostil, face ao novo Governo norte-americano e não desalinha das conclusões gerais do estudo, com a maioria dos inquiridos nacionais a revelar um olhar crítico, embora também pragmático.
Em Portugal, 55% dos inquiridos consideram os EUA um "parceiro necessário", enquanto apenas 18% os consideram um "aliado", o que sugere um realinhamento das posições relativamente a um passado recente.
O sentimento de distanciamento em relação aos EUA pode estar relacionado com a abordagem unilateralista e protecionista de Trump, que tem sido marcada por uma desvalorização da diplomacia multilateral e pelo reforço da política 'America First'.
Leia Também: Trump? Europeus estão desconfiados. Em Portugal, só 18% veem como aliado