Meloni, uma das poucas líderes europeias que Donald Trump tem elogiado publicamente, divulgou hoje um comunicado após uma discussão pública do Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky em Washington com o anfitrião Presidente norte-americano.
"É necessária uma cimeira imediata entre os Estados Unidos, os Estados europeus e os aliados para falar francamente sobre a forma como pretendemos enfrentar os grandes desafios de hoje, a começar pela Ucrânia, que defendemos juntos nos últimos anos, e aqueles que seremos chamados a enfrentar no futuro", disse a chefe do governo italiano no comunicado divulgado pelo seu gabinete.
"Esta é a proposta que a Itália tenciona apresentar aos seus parceiros nas próximas horas", acrescentou.
Meloni apelou ainda a que se evitem divisões entre os países ocidentais.
"Cada divisão do Ocidente enfraquece-nos a todos e favorece aqueles que desejam ver o declínio da nossa civilização, não do seu poder e influência, mas dos princípios em que foi fundada, em primeiro lugar e acima de tudo a liberdade", observou Meloni.
"Esta divisão não convém a ninguém", advertiu a líder do partido nacionalista Irmãos de Itália, considerada uma das principais aliadas de Trump na Europa.
Meloni tem demonstrado estreita sintonia com Trump, que chegou a visitar pouco antes da tomada de posse na sua residência de Mar-a-Lago, tendo estado também presente na sua tomada de posse.
A primeira-ministra italiana destoou das declarações de outros líderes europeus, que manifestaram sobretudo apoio a Zelensky e prometeram continuar a ajudar Kyiv na luta contra o invasor russo, iniciada há três anos.
Numa mensagem na rede social X idêntica às publicadas pelos presidentes do Conselho Europeu, António Costa, e do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen afirmou que Zelensky "nunca está só", recomendando-lhe que "seja forte, corajoso, destemido".
As mensagens foram publicadas pouco depois de Zelensky abandonar prematuramente a Casa Branca, após uma reunião com Trump na Sala Oval, perante a comunicação social, que se tornou num confronto verbal sem precedentes.
Trump, erguendo a voz, ameaçou o seu convidado de "abandonar" a Ucrânia se este não fizer concessões à Rússia.
"Ele pode voltar quando estiver pronto para a paz", disse Donald Trump numa mensagem na sua rede social, Truth Social.
A assinatura de um acordo sobre os minerais, hidrocarbonetos e infraestruturas ucranianas, para a qual o chefe de Estado da Ucrânia se tinha deslocado a Washington, não se realizou, nem a conferência de imprensa conjunta que estava prevista no final do encontro.
Trump acusou também o homólogo ucraniano, que também ali estava em busca do apoio de Washington, após três anos de guerra com a Rússia, de ter "faltado ao respeito aos Estados Unidos" na Sala Oval, sublinhando que os Estados Unidos deram à Ucrânia muito dinheiro e que ele "devia estar mais grato".
Numa cena de tensão sem precedentes, que se prolongou por vários minutos e que envolveu também o vice-presidente norte-americano, JD Vance, os três dirigentes levantaram a voz e falaram uns por cima dos outros várias vezes.
Trump criticou em especial Zelensky por "se ter colocado numa posição muito má" em relação à Rússia e disse-lhe que ele "não tinha as cartas na mão", quanto ao desenlace da guerra.
"Você está a brincar com a vida de milhões de pessoas. Está a brincar com a terceira guerra mundial (...)", disse-lhe ainda Trump, visivelmente irritado.
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