Os líderes da União Europeia (UE) estão esta quinta-feira reunidos numa cimeira extraordinária em Bruxelas, na Bélgica, para tentar chegar a acordo político sobre a defesa do Velho Continente e as garantias de segurança à Ucrânia.
Depois de se reunir com Volodymyr Zelensky e com Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, o presidente do Conselho Europeu, António Costa falou aos jornalistas, onde salientou a importância de tornar a Europa "mais autónoma em termos de defesa", assim como dotar a Ucrânia de meios.
"A segurança da Europa não está desvinculada da segurança da Ucrânia", lembrou António Costa, acrescentando que "a segurança da Ucrânia depende da Europa também".
O presidente do Conselho Europeu defendeu que são necessários "novos recursos, novos instrumentos e novos investimentos" na área da segurança na UE, uma vez que considera que estamos perante a "grande oportunidade para construir a Europa da Defesa".
"Temos de encarar as atuais mudanças geopolíticas como uma grande oportunidade para construir a Europa da Defesa - com novos recursos, novos instrumentos e novos investimentos", vincou, acrescentando que "o BEI será importante neste processo. O vosso papel tem sido crucial nas transições digital, energética e climática e agora, terá um papel fundamental a desempenhar na nossa segurança e defesa".
Para António Costa, "o ano de 2025 tem de ser o ano dos resultados para a segurança, a prosperidade e a sustentabilidade, para as gerações atuais e futuras".
A certa altura, o presidente do Conselho Europeu dirigiu-se diretamente ao presidente da Ucrânia. "Estamos com a Ucrânia desde o início da guerra e vamos continuar", garantiu, deixando no ar a esperança que o país entre, em breve, para a UE.
Os líderes da UE, hoje reunidos numa cimeira extraordinária em Bruxelas, vão tentar chegar a acordo político para gastar mais em defesa e dar garantias de segurança à Ucrânia, numa altura de ameaças norte-americanas.
O encontro surge depois de a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, ter anunciado na terça-feira querer mobilizar 800 mil milhões de euros para investimento na defesa europeia.
Em causa está o plano Rearmar a Europa, assente em cinco vertentes: um novo instrumento ao nível da UE para circunstâncias extraordinárias (como o que foi criado para assistência financeira aos países em empréstimos a condições favoráveis durante a covid-19 para evitar o desemprego), a ativação da cláusula de salvaguarda nacional das regras orçamentais para evitar procedimentos por défice excessivo (para aumento da despesa pública com defesa, num máximo de 1,5% por ano), a reafetação de verbas de outros fundos (como da Coesão), verbas do Banco Europeu de Investimento e ainda capital privado.
Entre 2021 e 2024, a despesa total dos Estados-membros com a defesa aumentou mais de 30%, ascendendo a um montante estimado de 326 mil milhões de euros, o equivalente a cerca de 1,9% do PIB da UE.
A cimeira extraordinária em Bruxelas surge também depois de, ainda na terça-feira, a presidente do BEI, Nadia Calviño, ter pedido aos países da UE um alívio nas restrições ao investimento em defesa e o fim do limite financeiro nesta área, por considerar que o banco comunitário "está pronto para mais".
Para 2025, as verbas do BEI para a defesa vão duplicar para um valor recorde de dois mil milhões de euros.
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