Isso, enquanto o Governo do atual Presidente, Donald Trump, tenta deportá-lo devido à sua participação em protestos pró-palestinianos no recinto universitário.
No sábado, agentes da imigração detiveram Khalil, um residente permanente nos Estados Unidos, casado com uma cidadã norte-americana, em Nova Iorque e este foi depois transferido para um centro de detenção de imigrantes no Estado de Luisiana.
Após a detenção de Khalil, o juiz distrital Jesse Furman ordenou que o jovem de 30 anos não fosse deportado enquanto o tribunal analisa uma ação judicial interposta pelos seus advogados, que pretendem que Khalil regresse a Nova Iorque e seja libertado sob supervisão, argumentando que este fez uso da liberdade de expressão protegida pela Constituição e que o Governo está a retaliar ilegalmente contra ele por causa disso.
Hoje, durante uma breve audiência, o advogado do Departamento de Justiça norte-americano, Brandon Waterman, pediu a mudança do local do julgamento para o Luisiana ou para Nova Jérsia, onde esteve detido antes de ser enviado para o sul.
O juiz Furman pediu então ao Governo que apresente argumentos por escrito até sexta-feira, devendo a resposta ser dada na próxima segunda-feira.
A Universidade de Columbia tornou-se o centro de um movimento de protesto pró-palestiniano nos Estados Unidos que se estendeu aos 'campus' universitários de todo o país no ano passado e levou a mais de 2.000 detenções.
Trump anunciou a detenção de Khalil como a primeira "de muitas que ocorrerão", prometendo nas redes sociais deportar estudantes que descreveu como estando envolvidos em "atividades pró-terroristas, antissemitas e antiamericanas".
Durante uma escala na Irlanda, quando se dirigia da Arábia Saudita para uma reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros do G7 no Canadá, o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, disse aos jornalistas que o caso de Khalil "não é sobre liberdade de expressão".
"É sobre pessoas que, para começar, nem sequer têm o direito de estar nos Estados Unidos. Ninguém tem o direito a um visto de estudante. Ninguém tem o direito a uma autorização de residência ['green card']", sustentou Rubio.
Khalil, que assumiu o papel de porta-voz dos manifestantes de Columbia, não foi acusado de qualquer crime.
A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse na terça-feira que o Governo decidiu pedir a sua deportação ao abrigo de uma secção da Lei de Imigração e Nacionalidade que dá ao secretário de Estado o poder de deportar um não-cidadão por motivos de política externa.
Grupos de defesa dos direitos civis e os advogados de Khalil afirmam que o Governo norte-americano está a utilizar inconstitucionalmente os seus poderes de controlo da imigração para o impedir de falar.
A detenção de Khalil desencadeou protestos em Nova Iorque e noutras cidades. Na terça-feira, um homem foi detido e 11 pessoas foram intimadas a comparecer em tribunal por alegada conduta desordeira durante uma manifestação perto do Washington Square Park, na baixa de Manhattan, segundo a polícia.
Khalil, cuja mulher está grávida do primeiro filho do casal, terminou o seu processo de mestrado na Universidade de Columbia em dezembro do ano passado. Nascido na Síria, é neto de palestinianos que foram forçados a abandonar a sua pátria, afirmaram os seus advogados na ação judicial interposta.
Os grupos, líderes e organizações judaicos dos Estados Unidos dividiram-se na reação à detenção de Khalil.
Entre os que saudaram a medida, encontra-se a Liga Anti-Difamação (ADL), que afirmou esperar que ela funcione como "dissuasora".
"Prezamos o amplo e ousado conjunto de iniciativas da administração Trump para combater o antissemitismo nas universidades - e esta ação ilustra mais ainda essa determinação, ao responsabilizar judicialmente os alegados perpetradores pelas suas ações", escreveu a ADL nas redes sociais.
A diretora-geral do Conselho Judaico para os Assuntos Públicos, Amy Spitalnick, criticou a detenção de Khalil.
O Governo Trump "está a usar preocupações reais com o antissemitismo para minar a democracia: desde a redução do financiamento da educação à deportação de estudantes e aos ataques à diversidade, equidade e inclusão", escreveu Spitalnick na rede social de microblogues Bluesky.
"Como já repetidas vezes afirmámos: isso deixa os judeus - e tantos outros - menos seguros", sublinhou.
Leia Também: EUA acusa Columbia de não entregar estudantes pró-palestinianos