"Os parceiros locais da Save the Children que trabalham na proteção de crianças no Kivu do Norte e do Sul documentaram mais de 400 casos de crianças associadas a grupos armados entre janeiro e fevereiro de 2025, quando a violência aumentou na região oriental do país", declarou a organização em comunicado.
Segundo as informações recolhidas pelos parceiros locais, algumas das crianças terão sido recrutadas nas suas comunidades e levadas para o mato para serem treinadas a manusear armas contra a sua vontade ou, no caso das meninas, muitas vezes vítimas de violência sexual.
O recrutamento, utilização e rapto de crianças em conflitos armados é uma grave violação do direito humanitário internacional e pode constituir um crime de guerra, lembra a Save the Children.
"As crianças são frequentemente alvo de recrutamento porque são baratas, mais fáceis de controlar e manipular e porque esperam que os adultos as protejam", lamentou.
A Organização Não-Governamental (ONG) frisou também que tem programas que apoiam crianças que foram resgatadas de grupos armados e que em 2024 prestou assistência a pelo menos 220 crianças libertadas "de grupos armados em Ituri, Kivu do Norte e Kivu do Sul".
"Estas crianças [libertadas] recebem apoio psicossocial e económico para as ajudar a reintegrarem-se nas suas comunidades", contextualizou.
Segundo a ONG, dependendo da idade, algumas crianças podem regressar à escola, enquanto outras podem receber formação profissional "em competências práticas como alfaiataria, carpintaria ou mecânica".
Para a ONG, nos últimos anos, a RDCongo, país vizinho de Angola, fez progressos na abordagem da questão do recrutamento de crianças, incluindo a adoção de um plano de ação em 2012 e a criação de um grupo de trabalho técnico conjunto para coordenar a sua aplicação. No entanto, "há ainda muito trabalho a fazer para garantir a proteção das crianças contra todas as formas de violência", indicou.
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