O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse, esta sexta-feira, que era necessário trabalhar as relações com Washington, numa altura em que se assinalam duas semanas das altercações que aconteceram entre o próprio e o seu homólogo, Donald Trump.
"As relações estreitas com os Estados Unidos são muito importantes para a Ucrânia. Eu represento a Ucrânia como seu presidente. Os Estados Unidos são representados por Donald Trump, como presidente devidamente eleito", começou por dizer, citado pela Agência France-Presse.
"Precisamos de relações normais e funcionais", acrescentou, em declarações aos jornalistas em Kyiv.
Depois de Zelensky 'bater com a porta' da Casa Branca, após um momento tenso com Trump - em que ficou suspensa assinatura de um acordo de minerais raros -, os episódios seguintes foram sanado a situação.
O que se passou?
Foi no último dia de fevereiro, a 28, que Zelensky e Trump se encontraram para assinar um acordo que deveria contribuir para a paz no Leste europeu. Numa discussão acesa, Trump acusou Zelensky de ser ingrato, e depois a conversa escalou.
Na altura, a embaixadora da Ucrânia nos Estados Unidos teve uma reação que se tornou viral, e que poderia representar os dias 'tremidos' que se sentiram de seguida.
A comunidade internacional saiu em defesa de Zelensky. Dias depois, com uma cimeira marcada em Londres, vários líderes internacionais reforçavam este apoio. Esta foi uma altura em que António Costa 'saltou à vista'. Isto porque no dia em que Trump e Zelensky discutiram, o presidente ucraniano foi questionado por que razão não usava um fato. Na cimeira em Londres, Costa, presidente do conselho Europeu, trocou os 'habituais' fatos por uma indumentária mais informal - o que foi interpretado como um sinal de apoio por várias publicações.
Zelensky pediu desculpas ou não?
Logo no dia da altercação, Zelensky apontou, em entrevista à Fox News, que achava que não tinha feito "nada de errado", quando questionado sobre se ia ou não pedir desculpa a Trump.
Dias depois, quando discursou no Congresso, Trump falou de vários temas, entre os quais a Ucrânia, tendo dito que tinha recebido "uma carta importante" de Zelensky, mas sem revelar o conteúdo.
No dia seguinte a Trump discursar, foi anunciado que delegações dos EUA e Washington se iriam reunir em Riade, na Arábia Saudita, de onde resultou um acordo de cessar-fogo, que se espera agora pela 'luz verde' de Putin. Foi durante esse anúncio da iniciação de conversações entre os dois países que se zangaram perante o mundo que o enviado especial dos EUA, Steve Witkoff, revelou que terá havido um pedido de desculpas por parte do líder ucraniano.
"[Trump] sentiu que foi um primeiro passo muito positivo. Houve um pedido de desculpa. Houve um reconhecimento de que os Estados Unidos fizeram muito pelo país da Ucrânia, e um sentimento de gratidão", referiu, citado pela BBC.
Acordo fechado entre Washington e Kyiv, desconhece-se agora a posição da Rússia, que esta semana também recebeu o enviado dos EUA. Já esta sexta-feira, Trump disse que "há boas hipóteses" de acabar a guerra e que as conversações entre os dois países têm sido produtivas.
Steve Witkoff chegou à Rússia na quinta-feira, no mesmo dia em que que também o líder bielorrusso, Aleksandr Lukashenko, se encontrava no país.
Já esta sexta-feira, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, explicou que "Putin apoia a posição de Trump sobre o acordo, mas levantou algumas questões que precisam de ser respondidas em conjunto."
Leia Também: Paulo Rangel foi recebido por Volodymyr Zelensky na sua visita a Kyiv