"Estamos indignados com o número de vítimas civis e pedimos urgentemente o regresso imediato ao cessar-fogo", afirmaram em declaração conjunta os ministros dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Noël Barrot; alemã, Annalena Baerbock e britânico, David Lammy.
"Um cessar-fogo duradouro é o único caminho fiável para uma paz sustentável, uma solução de dois Estados e a reconstrução de Gaza", adiantam.
Os três ministros denunciaram ainda "um revés dramático para o povo de Gaza, os reféns e as suas famílias", desde o retomar dos ataques na terça-feira.
Desde o recomeço dos bombardeamentos israelitas, na madrugada de terça-feira, morreram mais de 500 pessoas, segundo o governo do movimento islamita palestiniano Hamas.
Estes ataques interromperam uma trégua iniciada em 19 de janeiro, ao fim de mais de 15 meses de ofensiva, e ocorrem num momento em que as partes não alcançam entendimento para avançar para as etapas seguintes do acordo de cessar-fogo.
Na primeira fase, 33 reféns israelitas (oito dos quais mortos) foram entregues pelo Hamas em troca de quase 1.800 prisioneiros palestinianos que estavam nas cadeias de Israel.
Permanecem ainda 59 reféns em posse do grupo palestiniano, dos quais Israel estima que 35 estejam mortos.
No comunicado conjunto, os chefes da diplomacia de França, Alemanha e Reino Unido apelam às partes para que retomem as negociações "para garantir que o cessar-fogo é implementado na íntegra e se torna permanente".
"Isto deve incluir a libertação dos reféns que o Hamas deteve cruelmente e se recusa persistentemente a libertar", frisam.
"Apelamos a todos aqueles com influência sobre o Hamas para que utilizem essa influência para garantir que não há mais ataques contra Israel. Estamos certos de que o Hamas não deve governar mais Gaza nem ser uma ameaça para Israel", defendem.
No entanto, ressalvam, "este conflito não pode ser resolvido por meios militares" e "mais derramamento de sangue não é do interesse de ninguém".
"Apelamos a Israel para que restaure o acesso humanitário, incluindo água e electricidade, e garanta o acesso a cuidados médicos e a evacuações médicas temporárias, de acordo com o direito internacional humanitário", frisam os três ministros.
A Defesa Civil da Faixa de Gaza indicou que os ataques israelitas executados sexta-feira no território palestiniano causaram 11 mortos, incluindo cinco menores.
O Exército israelita avançou, por seu lado, ter atacado um hospital abandonado, alegadamente usado como base pelos combatentes do Hamas, depois de ter sido acusado por Ancara de destruir um hospital construído pela Turquia na Faixa de Gaza.
As forças israelitas reivindicaram a eliminação do chefe dos serviços de informações do Hamas no sul da Faixa de Gaza, Osama Tabash, num ataque realizado na véspera no enclave em pleno reatamento da ofensiva militar contra o grupo islamita.
Na declaração divulgada esta noite, os ministros apelam ainda a uma "investigação completa" ao ataque de quinta-feira contra instalações da ONU, em que morreu um funcionário da organização e outros ficaram feridos.
O ministro da Defesa israelita, Israel Katz, avisou na sexta-feira que Israel "vai intensificar os combates com ataques aéreos, marítimos e terrestres, expandindo as manobras terrestres", até que os 59 reféns ainda mantidos na Faixa de Gaza sejam libertados "e o Hamas seja derrotado".
O Hamas atacou o sul de Israel em 07 de outubro de 2023, matando cerca de 1.200 pessoas e tomando outras 251 como reféns.
Em resposta, Israel lançou um ataque em grande escala na Faixa de Gaza, matando mais de 49.000 pessoas, na maioria civis, segundo números das autoridades locais, destruindo a maior parte do enclave palestiniano, que está mergulhado numa grave crise humanitária.
[Notícia atualizada às 06h11 de sábado]
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