"As acusações imorais e infundadas feitas contra mim, desde relatórios fabricados até ao momento das investigações, têm como objetivo minar a minha reputação e credibilidade", declarou o autarca e opositor do Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, no comunicado.
"Os responsáveis ??por esta estratégia terão de responder pelas suas ações em tribunal. Vou apresentar queixa contra os indivíduos e instituições envolvidos", anunciou, alertando também para danos na reputação internacional da Turquia e na confiança no poder judicial e na economia.
O principal índice da Bolsa de Istambul caiu mais de 16,5% esta semana, uma queda que não se verificava desde 2008, segundo os analistas.
O autarca disse que sente "a força de milhões de pessoas" que o apoiam, quando estão mobilizados para hoje mais protestos em Istambul pelo quarto dia consecutivo.
"Aconteça o que acontecer, lutarei pela justiça e pela verdade por meios legais até ao fim da minha vida", disse ainda Ekrem Imamoglu.
O autarca chegou hoje ao tribunal de Caglayan, onde está previsto comparecer perante um procurador, segundo o município da cidade turca, e, no final, deverá ser anunciado se continuará detido.
Dezenas de milhares de pessoas manifestaram-se desde quarta-feira em Istambul, Ancara e Esmirna, e na sexta-feira à noite, os protestos alastraram a várias províncias do país, que foram marcados pela repressão policial.
Segundo várias estimativas, os números podem ter atingido mais de meio milhão de pessoas nas ruas em várias cidades de todo o país, nos maiores protestos na Turquia desde 2013.
O ministro do Interior turco informou hoje que foram detidas mais de 340 pessoas nos protestos, que na sexta-feira foram reprimidos com balas de borracha, gás lacrimogéneo e canhões de água, com destaque para os confrontos em Istambul e Izmir (oeste).
Imamoglu deveria ser anunciado no domingo como candidato do Partido Republicano do Povo (CHP) às próximas eleições presidenciais, assumindo-se como principal adversário de Erdogan.
Mas a universidade estatal de Istambul cancelou o diploma de Imamoglu na terça-feira à noite, criando-lhe mais um obstáculo, uma vez que a Constituição exige que qualquer candidato à presidência tenha um título de ensino superior.
O político social-democrata foi reeleito em 2024 depois de conquistar autarquia de Istambul em 2019 ao Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP, na sigla em turco), a formação islâmica conservadora no poder liderada por Erdogan.
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