O Comité de Resistência Local, um grupo pró-democracia que documenta e organiza a ajuda mútua entre os habitantes, forneceu uma "lista preliminar das vítimas do massacre de Al-Malha", atribuído aos paramilitares das Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês), 15 das quais continuam por identificar.
As RSF, em guerra contra o Exército sudanês desde abril de 2023, afirmaram na quinta-feira ter tomado aquela cidade situada no sopé de uma região montanhosa, a 200 quilómetros de Al-Fashir, capital do Darfur do Norte.
Num comunicado, indicaram ter "cercado o inimigo (...) deixando mais de 380 mortos".
A vasta região do Darfur, no oeste do Sudão, está quase inteiramente sob o controlo das RSF, que, no entanto, não conseguiram tomar Al-Fashir e sofreram um revés na sexta-feira, quando o Exército reconquistou o palácio presidencial em Cartum, a capital do país.
Uma aliança de grupos armados conhecida como Forças Conjuntas, que combate ao lado do Exército, repeliu os ataques RSF e cortou as principais rotas de abastecimento dos paramilitares, procedente do Chade e da Líbia.
Al-Malha é uma das cidades mais setentrionais do vasto deserto entre o Sudão e a Líbia, onde as Forças Conjuntas e as RSF efetuam há meses operações transfronteiriças.
Segundo fontes locais, é também um ponto fundamental numa estrada deserta que liga o Darfur do Norte ao Estado do Norte, controlado pelo Exército sudanês.
Após os êxitos do Exército no centro do Sudão, os analistas acreditam que as RSF estão agora determinadas a consolidar o seu domínio no Darfur.
A guerra fez já dezenas de milhares de mortos e obrigou à deslocação de mais de 12 milhões de pessoas. Mergulhou cinco regiões doá país na fome, incluindo três campos de deslocados perto de Al-Fashir.
Nos campos de Zamzam e Abu Shuk, que albergam cerca de um milhão de deslocados, os observadores locais relataram filas de espera de vários dias para obter água potável devido ao cerco imposto pelas RSF.
Leia Também: Exército do Sudão retoma última zona de Cartum controlada pelos rebeldes