O secretário da Defesa, Pete Hegseth, "está a fazer um excelente trabalho, não tem nada a ver com isto", disse o Presidente norte-americano na Casa Branca, quando confrontado com novas revelações da The Atlantic, cujo diretor foi incluído por engano num grupo da aplicação de mensagens Signal com alguns dos principais responsáveis da administração e onde foram partilhados detalhes sobre bombardeamentos no Iémen.
A Casa Branca respondeu inicialmente ao artigo da revista minimizando o incidente e atacando a credibilidade do seu diretor Jeffrey Goldberg, que relatou ter sido adicionado ao grupo por Mike Waltz, conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca.
Com a Casa Branca a insistir que nada na trocas de mensagens no Signal era confidencial, a The Atlantic publicou hoje um novo artigo contendo quase toda a conversa, reproduzindo capturas de ecrã de mensagens de Hegseth com as horas precisas dos ataques planeados contra os Huthis, grupo rebelde iemenita aliado do Irão, e as armas utilizadas, todas enviadas duas horas antes dos ataques terem lugar.
No novo artigo, a revista conta que, após estas declarações, contactou os responsáveis governamentais, afirmando que as mensagens não eram ultrassecretas, para lhes perguntar se concordavam com a publicação de mais mensagens, mais precisas do que as referidas no primeiro artigo.
A Casa Branca opôs-se, indicou The Atlantic, que, no entanto, publicou o essencial da trocas de mensagens, ocultando apenas o nome de um agente da CIA.
"12:15 -- DESCOLAGEM dos F-18 (primeiro grupo de ataque)", escreveu a 15 de março o chefe do Pentágono aos outros membros do grupo, onde estavam também responsáveis do Pentágono e da CIA (agência norte-americana de serviços secretos externos).
"O alvo terrorista está na sua área conhecida, por isso DEVEMOS CHEGAR A HORAS - e também, início dos ataques de 'drones' (MQ-9)", acrescentou, num estilo telegráfico.
E ainda: "15:36 - F-18 início do segundo ataque - e também, lançamento dos primeiros Tomahawks do mar".
Os F-18 são aviões de combate norte-americanos, o MQ-9 é um 'drone' (aeronave não-tripulada) de combate norte-americano e os Tomahawks são mísseis de cruzeiro.
O líder dos democratas na Câmara dos Representantes, Hakeem Jeffries, afirmou hoje na CNN que o secretário da Defesa "tem de ser despedido imediatamente se não tiver a coragem de reconhecer o seu erro e demitir-se".
A também democrata Tammy Duckworth, membro do Comité das Forças Armadas do Senado, defendeu que "claramente foi partilhada informação confidencial" e que Hegseth "divulgou-a de forma negligente".
Os apelos à Casa Branca para que reconheça o erro e puna responsáveis estenderam-se a meios conservadores, incluindo Dave Portnoy, um comentador influente que lamentou um "erro monumental".
"Alguém tem de cair e, para mim, é Mike Waltz", declarou Portnoy, num vídeo no X.
Na terça-feira, Donald Trump tinha apenas afirmado que Mike Waltz "provavelmente" se absteria, "no futuro imediato", de voltar a utilizar o sistema de mensagens privadas Signal.
Destoando do posicionamento da Casa Branca, o secretário de Estado Marco Rubio, que também estava no grupo, admitiu hoje ter sido um "grande erro" a inclusão de um jornalista no grupo de mensagens.
"Obviamente, alguém cometeu um erro - um grande erro - e incluiu um jornalista", disse Rubio.
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