A Casa Branca garantiu, na quarta-feira, que Kilmar Abrego Garcia, o imigrante cuja deportação para El Salvador está a gerar polémica há um mês, "nunca mais vai viver nos Estados Unidos" e que, caso volte para o país, será novamente deportado.
As declarações foram feitas pela porta-voz, Karoline Leavitt, que em conferência de imprensa deu novos detalhes sobre o caso, reforçando que Abrego Garcia, de 29 anos, fazia parte de um gangue do país da América Central e que, para além disso, também a sua esposa já tinha apresentado queixa contra ele por violência doméstica.
Leavitt classificou-o como um "espancador de mulheres", tendo a esposa, Jennifer Vasquez Sura, já respondido.
Por partes: Abrego Garcia é ou não membro de um gangue?
O caso começou por ser conhecido quando a deportação - e posterior detenção numa prisão de alta segurança em El Salvador - já tinha acontecido. No início, em meados de março, a administração Trump admitia que a deportação tinha acontecido devido a um "erro administrativo."
Até 2019, o homem não tinha cadastro, mas foi então que foi detido e acusado de fazer parte de um grupo armado salvadorenho, MS-13. A justiça, porém, ilibou-o e proibiu a sua deportação por, alegadamente, correr riscos no país. Já na altura, o homem tinha "um receio bem fundamentado de ser perseguido no futuro", indicam os documentos agora conhecidos e citados pela imprensa norte-americana.
As autoridades determinaram, no entanto, que duas outras pessoas que foram detidas juntamente com este homem em 2019 eram efetivamente membros do gangue em questão, defendendo-se com o registo criminal de um deles e tatuagens de outro, que o associavam ao grupo. Para além destes indícios, a polícia teria ainda informações vindas de uma "fonte de informação comprovada e fiável no passado".
Outro dos documentos conhecidos na quarta-feira aponta ainda que, no mesmo ano, Abrego Garcia foi um de dois homens identificados numa investigação de homicídio, nunca tendo sido acusado.
A NBC News aponta ainda que os documentos têm contradições, já que numa altura alegam que Abrego Garcia não teria receio de voltar ao seu país e noutra teria.
E a queixa da esposa?
A esposa de Abrego Garcia, Jennifer Vasquez Sura, tem vindo a defender o marido e a pedir que o caso seja considerado, mas, segundo o que a Casa Branca revelou na quarta-feira, as autoridades já tiveram de ser chamadas a intervir na relação dos dois.
Segundo os documentos citados, Vasquez Sura pediu uma ordem de restrição para Abrego Garcia em 2021. "Depois de ter sobrevivido à violência doméstica numa relação anterior, agi por precaução após um desentendimento com Kilmar, solicitando uma ordem de proteção para o caso de as coisas se agravarem", explicou Jennifer, em comunicado emitido na quarta-feira, explicando que "as coisas não se agravaram e eu decidi não dar seguimento ao processo judicial civil."
"Ninguém é perfeito, e nenhum casamento é perfeito. Isso não é justificação para a ação do serviço de Imigração em raptá-lo e de o deportá-lo para um país onde era suposto estar protegido da deportação", apontou a mulher
Veja o vídeo na galeria acima.
Leia Também: Deportado por engano? Juíza do caso pondera processar administração Trump