De acordo com a autoridade policial brasileira, os investigados recrutavam venezuelanos mais velhos e levavam-nos para o Brasil, onde falsificavam documentos e registos para os tornarem elegíveis a receber um benefício social chamado Benefício de Prestação Continuada (BPC), concedido a pessoas com mais de 65 anos que não têm direito a pensão ou a pessoas com deficiência de qualquer idade.
"Agenciadores cooptavam idosos venezuelanos ainda na Venezuela, falsificavam documentos e cadastros para garantir o acesso ao BPC. Após isso, muitos retornavam ao país de origem, mas continuavam recebendo o benefício irregularmente", detalhou a Polícia Federal num comunicado.
Ao longo da manhã de hoje foram cumpridos 14 mandados de busca e apreensão nas cidades de Boa Vista e Pacaraima, havendo oito investigados, incluindo sete escritórios de advocacia.
As investigações tiveram origem no desmembramento de informações da Operação Ataktos, realizada em 2024, e de denúncias sobre beneficiários que não residiriam no Brasil.
A polícia relatou ter identificado a atuação de diversos grupos criminosos, organizados e independentes, que obtinham o benefício de forma fraudulenta.
A Justiça brasileira também determinou o bloqueio de bens e valores dos investigados, totalizando cerca de 16 milhões de reais (2,5 milhões de euros), e aplicou medidas cautelares, como a suspensão de atividades económicas.
Entre os suspeitos está um delegado da Polícia Civil reformado, suspeito de garantir centenas de benefícios irregulares.
Esta é a sexta operação da Polícia Federal em Roraima para combater fraudes na concessão desse benefício social. Os investigados poderão responder por estelionato agravado, associação criminosa e outros crimes que surgirem no curso das apurações.
Leia Também: Xi diz que China não vai parar ação climática apesar das mudanças