Uma menina de dois anos, com cidadania norte-americana, terá sido deportada pela administração Trump "sem nenhum processo significativo". Segundo um juiz distrital dos Estados Unidos, a criança, identificada como V.M.L., foi deportada com a mãe.
"É ilegal e inconstitucional deportar, deter para deportação ou recomendar a deportação de um cidadão americano", destacou o juiz Terry A. Doughty, na sexta-feira, à margem de um processo judicial levado a cabo pelo pai da menina.
O juiz marcou uma audiência para 19 de maio "no interesse de dissipar a forte suspeita de que o governo acabou de deportar um cidadão americano sem nenhum processo significativo".
Segundo a agência de notícias Reuters, a menina foi detida pelo Serviço de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos (ICE, na sigla em inglês) na terça-feira com a mãe, Jenny Carolina Lopez Villela, e a irmã mais velha.
O pai da menina conseguiu falar brevemente com Villela após a detenção e lembrou-a que a filha deles era uma cidadã norte-americana e, por isso, "não podia ser deportada".
No entanto, segundo os procuradores, a mãe, que tem a custódia legal da criança, disse que queria ficar com a filha e levá-la consigo para as Honduras e o pai não se apresentou ao ICE, apesar dos pedidos para o fazer.
"Portanto, é do interesse de V.M.L. que ela permaneça sob a custódia legal da sua mãe", adiantaram os procuradores. "Além disso, V.M.L. não corre o risco de sofrer danos irreparáveis porque é cidadã americana", defenderam.
Já são 3 as crianças norte-americanas deportadas. "Abuso de poder"
Segundo advogados, as autoridades dos EUA deportaram nos últimos dias, além da menina de dois anos, uma mãe cubana de uma menina de 1 ano, separando-as indefinidamente, e outras duas crianças de 4 e 7 anos, cidadãs americanas com as suas mães hondurenhas.
Os três casos levantam questões sobre quem está a ser deportado e porquê, e surgem num momento em que se trava uma batalha nos tribunais federais sobre as medidas contra a imigração da administração do Presidente Donald Trump.
Os advogados descreveram como as mulheres foram detidas em controlos de rotina nos escritórios da polícia de imigração (mais conhecida na sua sigla inglesa, ICE) e adiantaram que estas praticamente não tiveram oportunidade de falar com representantes legais ou familiares, sendo deportadas em três dias ou menos.
[Notícia atualizada às 22h27]
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