Os 28 imigrantes foram acusados na segunda-feira pela justiça norte-americana num tribunal federal no Novo México, por violarem os regulamentos de segurança numa zona militar dos EUA, um crime maior do que a acusação civil de atravessar a fronteira ilegalmente, noticiou hoje o Washington Post.
A acusação marca o primeiro marco na iniciativa do Presidente Donald Trump de transformar um troço de 273 quilómetros da fronteira sudoeste dos EUA numa "Zona de Defesa Nacional" sob a autoridade do Departamento de Defesa.
A medida permitiu que os soldados norte-americanos detivessem imigrantes, uma tarefa proibida para os militares norte-americanos dentro do país em áreas não sob controlo militar.
O secretário da Defesa, Pete Hegseth, visitou a fronteira na semana passada para enfatizar a sua autoridade sobre a área.
"Qualquer tentativa ilegal de entrar naquela área equivale a entrar numa base militar, uma área protegida pelo governo federal. Será mandado parar. Será intercetado pelas tropas norte-americanas e pela Patrulha de Fronteiras, trabalhando em conjunto", alertou, citado num comunicado
Hegseth também apontou para várias placas em inglês e espanhol espalhadas pela faixa, indicando que a área está sob jurisdição militar dos EUA e alertando que os invasores serão presos.
As primeiras mobilizações no início deste ano incluíram 1.600 fuzileiros navais e soldados no ativo, juntando-se aos 2.500 reservistas que já tinham sido mobilizados.
No início de março, o departamento enviou uma Brigada de Combate Stryker e membros de um batalhão de apoio geral.
Uma juíza federal na Califórnia proibiu hoje os agentes da Patrulha de Fronteiras de deter alguém suspeito de viver ilegalmente nos EUA, a menos que tenham um mandado ou um motivo para acreditar que a pessoa possa fugir antes que obtenham um mandado.
A decisão da juíza distrital dos EUA Jennifer L. Thurston diz ainda que os agentes da Patrulha de Fronteiras não podem parar pessoas sem terem uma suspeita razoável ou devolvê-las aos seus países de origem através de "partida voluntária", a menos que a pessoa seja informada dos seus direitos e concorde em sair.
A decisão aplica-se apenas a pessoas dentro do Distrito Leste da Califórnia, disse Thurston, onde dezenas de pessoas foram detidas em janeiro, depois de a Patrulha de Fronteiras ter lançado uma ação de fiscalização da imigração chamada "Operação Devolver ao Remetente".
A organização União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU, na sigla em inglês) processou a secretária do Departamento de Segurança Interna, Kristi Noem, e as autoridades da Patrulha de Fronteiras dos EUA em nome do sindicato United Farm Workers e de pessoas que foram visadas durante as incursões da Patrulha de Fronteiras.
A ACLU disse que os agentes da patrulha fronteiriça passaram quase uma semana a deter inconstitucionalmente pessoas que "pareciam ser trabalhadores rurais ou à jeira, independentemente do seu estatuto imigratório real ou das circunstâncias individuais".
Os detidos foram levados de autocarro até à fronteira, mantidos sem qualquer forma de contactar familiares ou advogados e coagidos a assinar papéis que diziam que tinham renunciado ao direito de ver um juiz de imigração e concordado voluntariamente em deixar o país, denunciou a ACLU.
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