A juíza distrital dos EUA, Paula Xinis, em Maryland, suspendeu temporariamente a sua diretiva de informação a pedido do Governo na semana passada.
Mas, com a pausa de sete dias a expirar, estabeleceu prazos em maio para que as autoridades prestem depoimento sob juramento sobre tudo o que fizeram para devolver o migrante aos EUA, noticiou a agência Associated Press (AP).
Abrego Garcia, de 29 anos, está preso na sua terra natal, El Salvador, há quase sete semanas, enquanto a sua deportação mal orientada se tornou um ponto crítico para as políticas de imigração do Presidente Donald Trump e o seu crescente atrito com os tribunais norte-americanos.
O Presidente reconheceu à estação ABC News, na terça-feira, que poderia ligar ao Presidente de El Salvador e enviar Abrego Garcia de volta, mas reforçou as suas alegações de que Abrego Garcia é membro do gangue MS-13.
A polícia de Maryland identificou Abrego Garcia como membro do gangue MS-13 em 2019 com base nas suas tatuagens, no hoodie dos Chicago Bulls e na palavra de um informador criminoso.
Mas Abrego Garcia nunca foi acusado. Os seus advogados dizem que o informador alegou que Abrego Garcia estava numa fação da MS-13 em Nova Iorque, onde nunca viveu.
A identificação do gangue pela polícia local levou a administração Trump a expulsar Abrego Garcia em março para uma prisão em El Salvador, conhecida pelas falhas nos direitos humanos.
Mas a deportação violou uma ordem de um juiz de imigração dos EUA, em 2019, que o protegia de ser enviado para El Salvador.
Abrego Garcia demonstrou ao tribunal de imigração que provavelmente enfrentava perseguição por parte de gangues locais salvadorenhos que o aterrorizavam a ele e à sua família, de acordo com registos do tribunal.
Fugiu para os EUA aos 16 anos e viveu em Maryland durante cerca de 14 anos, trabalhando na construção civil, casando e criando três filhos.
Xinis ordenou que a administração Trump o devolvesse há quase um mês, em 04 de abril. O Supremo Tribunal decidiu em 10 de abril que o governo deve trabalhar para trazê-lo de volta.
A juíza criticou duramente um advogado do Governo que não conseguiu explicar o que a administração Trump fez, para o caso de ter feito alguma coisa, e determinou então que as autoridades prestassem depoimentos sob juramento e outras informações para documentar os seus esforços.
O Governo Trump recorreu. Mas um tribunal federal de recurso apoiou a ordem de Xinis para obter informações, numa decisão contundente.
A administração Trump resistiu, dizendo que as informações procuradas por Xinis envolviam segredos de Estado protegidos e deliberações governamentais.
Esta, por sua vez, repreendeu os advogados do governo por ignorarem as suas ordens e agirem de má-fé.
Questionado hoje por jornalistas sobre se tinha tido alguma conversa com El Salvador sobre o regresso de Abrego Garcia, o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, disse que a política externa não deve ser discutida com os juízes.
Os advogados de Abrego Garcia disseram hoje que o governo estava a trabalhar para o trazer de volta quando pediu uma pausa no processo judicial.
"Concordamos com este pedido porque entendemos que foi feito de boa-fé. Infelizmente, uma semana depois, ainda não é claro o que o Governo fez, se é que fez alguma coisa, nos últimos sete dias para trazer o nosso cliente de volta para a sua família", frisou o escritório de advogados Murray Osorio PLLC, em comunicado.
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