"A recente violência e a retórica inflamada dirigida aos membros da comunidade drusa na Síria são repreensíveis e inaceitáveis", disse na quinta-feira a porta-voz do Departamento de Estado.
"As autoridades interinas [da Síria] devem pôr fim aos conflitos, responsabilizar os responsáveis pela violência e pelos danos causados aos civis e garantir a segurança de todos os sírios", acrescentou Tammy Bruce, em comunicado.
Os Estados Unidos confirmaram ainda que já se reuniram com o chefe da diplomacia da Síria, Assaad al-Shaibani, ao qual pediram para tomar medidas contra o sectarismo.
Na passada sexta-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros sírio hasteou a nova bandeira do país na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, marcando um novo capítulo após a deposição do líder Bashar al-Assad, em dezembro.
A porta-voz do Departamento de Estado confirmou que as autoridades norte-americanas se reuniram com a delegação síria em Nova Iorque na terça-feira.
Tammy Bruce disse que os Estados Unidos pediram às autoridades de Damasco que "escolhessem políticas que fortalecessem a estabilidade", sem fornecer uma avaliação do progresso.
Dois dias de violência sectária na Síria causaram mais de 70 mortos, na maioria combatentes drusos, anunciou na quinta-feira o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
A organização disse que 30 membros das forças de segurança do governo islâmico foram mortos, bem como 15 combatentes drusos e um civil durante confrontos em Jaramana e Sahnaya, perto de Damasco, na terça e na quarta-feira.
Na província meridional de Sueida, um reduto da comunidade drusa perto de Israel, 27 combatentes drusos foram mortos na quarta-feira, segundo o OSDH, citado pela agência de notícias France-Presse (AFP).
O OSDH é uma organização não-governamental (ONG) com sede no Reino Unido, mas com uma vasta rede de informadores por toda a Síria.
O líder religioso druso na Síria denunciou na quinta-feira uma "campanha genocida" contra a comunidade e apelou para uma intervenção internacional.
O xeque Hikmat al-Hajri descreveu os acontecimentos em Jaramana e Sahnaya como uma "campanha genocida injustificada", que tem como alvo "civis nas suas casas".
O líder religioso apelou à "intervenção imediata das forças internacionais de manutenção da paz", num comunicado citado pela AFP.
O governo sírio rejeitou os apelos à "proteção internacional" de grupos que descreveu como "fora da lei".
Os drusos, cujo número é calculado em cerca de 700 mil, são vistos com desconfiança pela corrente sunita extremista de que provêm as novas autoridades.
Esta comunidade, descendente de um ramo do Islão, representa cerca de 3% da população síria e vive principalmente no sul, perto de Israel.
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