O advogado chegou à liderança da CDU em 2022, foi apontado como candidato a chanceler pelo partido em 2024 e está a poucos dias de assumir a liderança do executivo formado por uma coligação com os conservadores da Baviera (CSU) e o Partido Social-Democrata (SPD).
Apoiantes ou opositores podem estar de acordo numa característica do rival eterno de Angela Merkel, a paciência.
Depois de em 2002 ter deixado a liderança do grupo parlamento da CDU, e, em 2009, ter abandonado por completo o Bundestag (câmara baixa do parlamento alemão), Merz regressou ao partido numa altura delicada.
A ligação à política foi um amor que começou cedo. Foi membro do Parlamento Europeu de 1989 a 1994. No Bundestag entrou em 1994, onde permaneceu 15 anos. Chegou a ser considerado uma das grandes promessas da CDU nos anos 90. Merkel poria fim, ou talvez só uma longa pausa, ao seu percurso, ocupando aquele que era, em 2002, o seu lugar.
Foi fazendo outro caminho, longe dos holofotes partidários, mas nem por isso modesto. Trabalhou no seu próprio escritório de advogados, foi consultor em várias empresas, e presidente do conselho de supervisão na Alemanha da BlackRock, a maior gestora de fundos do mundo. Fez parte da direção da EY Germany e da equipa de futebol Borussia Dortmund.
Liberal na economia, conservador nos aspetos sociais, Merz não se manteve muito longe da vista. Grande crítico das políticas de imigração da antiga chanceler alemã, foi inclusive convidado para participar em comícios políticos.
A reaproximação começou quando, em 2018, Merkel tornou público o seu desejo de abandonar a liderança do partido, afastando também uma recandidatura às eleições de setembro de 2021.
Falhou por pouco a primeira tentativa, em dezembro de 2018, no congresso da CDU em Hamburgo. Perdeu a liderança, na segunda volta, contra Annegret Kramp-Karrenbauer, apelidada de "mini-Merkel".
Em 2021, o legado Merkel voltaria a derrotar Merz. Na segunda tentativa de chegar ao topo da CDU, perdeu frente a Armin Laschet, que, menos de um ano depois, abdicaria do lugar.
À terceira, em 2022, Friedrich Merz chegou à chefia dos conservadores com 62% dos votos dos militantes, derrotando o especialista em política externa, Nobert Röttgen, e o ex-assessor de Merkel, Helger Braun. Na ocasião, prometeu recuperar a essência do partido.
Mais recentemente, fez aprovar uma moção não vinculativa que defendia regras de imigração mais rigorosas, tais como controlos nas fronteiras e o aumento das deportações. Surgiram críticas fora e dentro do partido.
A popularidade do futuro chanceler sofreu ainda mais quando decidiu quebrar a chamada "barreira" contra a extrema-direita, representada pela Alternativa para a Alemanha (AfD), para fazer passar uma medida. Não tardou em rejeitar qualquer futura colaboração com este partido, mas não conseguiu evitar centenas de manifestações por todo o país, inclusive em frente à própria sede da CDU.
Merz começa o seu percurso como chanceler com baixo índice de popularidade e com a AfD a conseguir resultados muito próximos aos do seu partido.
Friedrich Merz irá tomar posse como chanceler na próxima terça-feira, 06 de maio, após uma votação que irá decorrer no Bundestag.
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