A presidente da Câmara de Toronto, Olivia Chow, afirmou que o setor emprega 30.000 pessoas na cidade e que as tarifas anunciadas por Trump seriam "devastadoras".
O Ministro do Desenvolvimento Económico de Ontário, Vic Fedeli, afirmou que as tarifas seriam um "ataque direto" à província do Canadá, país cujas relações com Washington foram abaladas pela aplicação de tarifas pelo país-vizinho, seu principal parceiro comercial.
Trump também causou indignação no país vizinho com a sua ideia várias vezes repetida de que este deveria deixar de ser independente e tornar-se o "51º Estado" norte-americano.
Muitos filmes de Hollywood, bem como séries de televisão e produções de plataformas de 'streaming' na Internet, são filmados no Canadá graças às vantagens económicas que o país oferece aos estúdios.
A cidade de Vancouver, na costa ocidental do Canadá, é apelidada de "Hollywood do Norte" e a província da Colúmbia Britânica é o terceiro maior local de filmagens na América do Norte, apenas atrás da Califórnia e de Nova Iorque.
O quarto maior destino é a província de Ontário, onde se situa a maior cidade do Canadá, Toronto, que também atrai muitas produções norte-americanas.
O presidente da Associação de Produtores do Canadá (PCA), Reynolds Mastin, afirmou em comunicado que, embora o anúncio de Trump careça de pormenores, a proposta "causará perturbações significativas e dificuldades económicas nos setores de produção de ambos os lados da fronteira entre o Canadá e os Estados Unidos".
O Presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou que vai iniciar "imediatamente o processo de instauração de tarifas de 100%" sobre os filmes exibidos nos Estados Unidos mas produzidos no estrangeiro.
"A indústria cinematográfica norte-americana está a morrer muito rapidamente (...) Hollywood e muitas outras partes dos Estados Unidos estão devastadas", escreveu Trump no domingo na rede social Truth Social.
"Outros países estão a oferecer todo o tipo de incentivos para atrair os nossos cineastas e estúdios para longe dos Estados Unidos", acrescentou.
Trump disse que este é um "esforço concertado de outras nações" que representa "uma ameaça para a segurança nacional" norte-americana.
Hoje, Trump culpou o governador da Califórnia, o democrata Gavin Newsom, por permitir que outras nações atraiam produções de Hollywood.
O Presidente norte-americano também manifestou a sua intenção de se reunir com representantes da indústria como parte dos seus esforços para restaurar a atratividade de Hollywood para a produção cinematográfica e impedir a migração de grandes empresas de produção.
"É chocante e não é uma boa situação. Por isso, vamos reunir-nos com o setor. Quero ter a certeza de que estão satisfeitos, porque nos preocupamos com o emprego. É muito importante. É uma grande indústria, mas está a ser muito negligenciada agora", disse Trump.
A Casa Branca afirmou hoje que estão por tomar "decisões definitivas relativamente às tarifas sobre filmes estrangeiros", mas que procura um consenso enquadrado nas orientações de Trump.
"Embora não tenham sido tomadas decisões definitivas relativamente às tarifas sobre filmes estrangeiros, a Administração está a explorar todas as opções para cumprir as orientações do Presidente de salvaguardar a segurança nacional e económica do nosso país", disse aos jornalistas um porta-voz da Casa Branca, Kush Desai.
Filmes de Hollywood como "A Forma da Água" (2017), "Esquadrão Suicida" (2016), "Brokeback Mountain" (2005) e "Chicago" (2002) foram rodados em Toronto.
Vancouver produziu filmes como "Fifty Shades of Grey" (2015).
O Actors' Guild of Canada (ACTRA) observou que, em 2023-2024, o sector audiovisual contribuiu com 11 mil milhões de dólares canadianos (7 mil milhões de euros) para o PIB do país.
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