Olivier Nduhungirehe, ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação Internacional do Ruanda, disse à agência de notícias France-Presse (AFP) que ainda não havia acordo sobre o conteúdo do texto, mas que as próximas etapas vão consistir em "consolidar as contribuições das partes num único texto".
Nduhungirehe adiantou, ainda, que após o acordo sobre o texto, seguir-se-á "a finalização do projeto de acordo de paz pelos ministros dos Negócios Estrangeiros numa reunião que terá lugar em Washington durante a terceira semana de maio".
O processo deverá culminar com "a assinatura do acordo em meados de junho na Casa Branca", acrescentou o ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação Internacional do Ruanda.
Este anúncio surge um dia depois de Nduhungirehe ter declarado que o seu país e a RDCongo entregaram ao Governo dos Estados Unidos (EUA) dois esboços de um acordo de paz, informação que foi também confirmada pelo enviado especial dos EUA para África, Massad Boulos.
Boulos afirmou, segunda-feira, na rede social X, que tinha recebido "um projeto de texto sobre uma proposta de paz" da RDCongo e do Ruanda.
"Este é um passo importante para o cumprimento dos compromissos assumidos na Declaração de Princípios", afirmou Massad Boulos, que é sogro de Tiffany Trump, filha do Presidente dos EUA, Donald Trump.
No mês passado, Massad Boulos visitou os dois países e apelou ao Ruanda para que pusesse fim ao seu apoio ao grupo antigovernamental Movimento 23 de Março (M23) e retirasse as suas tropas.
O Ruanda negou qualquer apoio militar ao M23, mas afirmou que a sua segurança há muito que é ameaçada por grupos armados no leste da RDCongo, incluindo as Forças Democráticas de Libertação do Ruanda, criadas por antigos líderes hutus ligados ao genocídio ruandês de 1994.
Foram acordados e violados vários cessar-fogos desde que o M23 retomou as operações no leste da RDCongo em 2021, e os confrontos com o Governo e as forças aliadas deslocaram centenas de milhares de pessoas e provocaram uma crise humanitária generalizada.
Os combatentes do M23, que, segundo especialistas da ONU e dos EUA, beneficiam de apoio militar ruandês, têm feito rápidos avanços no leste da RDCongo desde janeiro, tomando cidades estratégicas e vastos territórios em confrontos, que deixaram milhares de mortos.
As primeiras conversações frente a frente entre as duas partes, desde que a ofensiva do M23 se intensificou, ocorreram entre o Presidente da RDCongo, Felix Tshisekedi, e o homólogo ruandês, Paul Kagame, no Qatar em 18 de março.
Esta reunião teve lugar no mesmo dia em que estava previsto o início de um diálogo de paz direto entre as partes em Angola, que também atuou como mediador, mas que não se realizou depois de o M23 ter cancelado a sua participação na sequência da imposição de sanções contra alguns dos seus dirigentes pela União Europeia.
No mês passado, a RDCongo e o Ruanda concordaram, em conversações realizadas nos Estados Unidos, em chegar a um projeto de acordo de paz até 02 de maio, aumentando as esperanças de um fim para a crise desencadeada pela ofensiva relâmpago do M23.