Kyiv denunciou ataques "em toda a linha da frente" e Moscovo argumentou responder a ataques ucranianos.
A Rússia tem atacado a Ucrânia ao longo de "toda a linha da frente", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Andriï Sybiga, classificando como uma "uma farsa" a trégua de três dias ordenada unilateralmente pelo Presidente russo, Vladimir Putin, e que devia ter entrado em vigor esta madrugada.
"Segundo os nossos dados militares, apesar das declarações de Putin, as forças russas continuam a atacar toda a linha da frente", acrescentou na rede social X.
Sybiga sustentou que, desde a meia-noite, a Rússia cometeu "734 violações do cessar-fogo" e lançou 63 tentativas de assalto.
Por seu lado, o Exército russo garantiu estar a "cumprir estritamente" o cessar-fogo, mas que tem de "responder" aos ataques ucranianos, a quem acusou de violar a trégua.
"As tropas russas não estão a efetuar ataques aéreos, com mísseis, artilharia ou drones", assegurou o Ministério da Defesa russo na rede social Telegram.
"As forças armadas russas respondem de forma simétrica às violações do cessar-fogo pelas forças armadas ucranianas", acrescentou.
Pouco depois das 00:00 de hoje, os meios de comunicação social russos indicaram que a trégua de três dias com a Ucrânia, a propósito das comemorações em Moscovo da vitória sobre a Alemanha nazi, entrou em vigor e que terminará à meia-noite de 11 de maio.
A Ucrânia nunca aceitou esta trégua, que descreveu como uma manobra de comunicação, apelando, em alternativa, a um cessar-fogo de 30 dias.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que a Ucrânia não pode garantir a segurança dos líderes estrangeiros convidados para as cerimónias do Dia da Vitória, na sexta-feira na capital russa, uma declaração recebida pelo Kremlin como uma ameaça.
Tal como fez com a breve trégua da Páscoa, não respeitada, Putin afirmou ter tomado a decisão por razões humanitárias e apelou a Kiev para seguir o exemplo.
A Rússia anunciou na terça-feira a presença de 29 chefes de Estado e de governo na parada militar, entre os quais o primeiro-ministro eslovaco, o populista Robert Fico, que deste modo se distancia dos restantes parceiros da UE.
Quase todos os líderes dos países ocidentais estarão ausentes, incluindo os Estados Unidos, sendo uma das exceções o Presidente sérvio, o nacionalista populista Aleksandar Vucic, que já aterrou em Moscovo, apesar dos avisos de Bruxelas de que os líderes dos países candidatos à UE não deviam comparecer.
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após a desagregação da antiga União Soviética - e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
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