MSF: Israel está a criar condições para "erradicação dos palestinianos"

Os Médicos Sem Fronteiras (MSF) acusaram hoje Israel de estar a criar condições para "uma catástrofe humanitária deliberada" na Faixa de Gaza e de tentar associar a ajuda neste território palestiniano à deslocação forçada dos habitantes.

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Lusa
14/05/2025 17:28 ‧ há 1 hora por Lusa

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Médicos sem Fronteiras

"Estamos a assistir em direto à criação de condições para a erradicação dos palestinianos em Gaza", denunciou a organização não-governamental (ONG) num comunicado.

 

Israel impôs um bloqueio à entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza a partir de 02 de março, após o fracasso das negociações para prolongar o cessar-fogo iniciado a 19 de janeiro.

A consequente escassez de alimentos e medicamentos agravou uma situação já desastrosa naquele enclave palestiniano, apesar das advertências da ONU para o risco de fome, logo rejeitados por Israel.

A MSF indica que as suas equipas médicas no terreno "observaram um aumento de 32% do número de doentes apresentando sintomas de subnutrição nas últimas duas semanas".

"A diminuição das reservas de combustível está a limitar a capacidade de dessalinização e de distribuição de água", precisou a MSF no seu comunicado.

"As estruturas de saúde que ainda funcionam - já insuficientes em número e em capacidade para a população - continuam a ser atacadas e são alvos de ruturas de 'stock' de medicamentos e de outros bens essenciais", indicou.

A MSF recordou que as suas "equipas em Gaza não recebem qualquer abastecimento há 11 semanas e se confrontam com a falta de material médico essencial, como compressas esterilizadas e luvas esterilizadas".

A ONG rejeita liminarmente a proposta dos Estados Unidos, apoiada por Israel, de criar uma nova fundação para gerir a distribuição da ajuda em Gaza, uma reforma que, segundo a MSF, marginaliza a ONU e as organizações humanitárias existentes e entrega essencialmente o controlo a Israel.

"A proposta dos Estados Unidos e de Israel de controlar a distribuição de provisões sob o pretexto de se tratar de ajuda humanitária levanta graves preocupações humanitárias, éticas, de segurança e jurídicas", sustentou a MSF.

"Condicionar a ajuda à deslocação forçada e à filtragem da população é outro instrumento da campanha em curso de limpeza étnica da população palestiniana", acusou a ONG.

A MSF "rejeita firmemente e condena qualquer proposta que reduza mais ainda a disponibilidade de ajuda e a submeta aos objetivos da ocupação militar israelita", referiu o comunicado da organização.

A ONG apela à "ONU, aos Estados-membros da União Europeia e a todos os que têm influência sobre Israel" para que "utilizem urgentemente a sua influência política e económica para pôr termo à instrumentalização da ajuda".

"O plano israelita de instrumentalizar a ajuda é uma resposta cínica à crise humanitária que criaram", afirmou a MSF.

"Se quisessem, Israel e seus aliados poderiam levantar o bloqueio hoje e permitir que a ajuda humanitária chegasse a todas as pessoas em Gaza cuja sobrevivência depende dela", vincou.

Israel declarou a 07 de outubro de 2023 uma guerra na Faixa de Gaza para "erradicar" o Hamas, horas depois de este ter realizado em território israelita um ataque de proporções sem precedentes, matando cerca de 1.200 pessoas, na maioria civis, e sequestrando 251.

A guerra naquele território palestiniano fez, até agora, mais de 52.900 mortos, na maioria civis, incluindo mais de 20.000 crianças, e 119.700 feridos, além de cerca de 11.000 desaparecidos, presumivelmente soterrados nos escombros, e mais alguns milhares que morreram de doenças, infeções e fome, de acordo com números atualizados das autoridades locais, que a ONU considera fidedignos.

Há muito que a ONU declarou o enclave devastado pelos bombardeamentos e ofensivas terrestres israelitas como estando mergulhado numa grave crise humanitária, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa "situação de fome catastrófica", a fazer "o mais elevado número de vítimas alguma vez registado" pela organização em estudos sobre segurança alimentar no mundo.

E, no final de 2024, uma comissão especial da ONU acusou Israel de genocídio naquele território palestiniano e de estar a utilizar a fome como arma de guerra - acusação logo refutada pelo Governo israelita, mas sem apresentar quaisquer argumentos.

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