EUA. Grávida em morte cerebral mantida viva sob lei que proíbe aborto

Os profissionais de saúde planeiam manter Adriana viva até às 32 semanas de gestação. Contudo, informaram a família que o feto tem líquido no cérebro e que estão preocupados.

Notícia

© ShutterStock

Daniela Filipe
16/05/2025 08:10 ‧ há 4 horas por Daniela Filipe

Mundo

EUA

Uma mulher grávida que se encontra em morte cerebral está a ser mantida viva devido à lei que proíbe o aborto no estado norte-americano da Geórgia. De acordo com a mãe da jovem, a família não tem voto na matéria.

 

Adriana Smith, de 30 anos, começou a sentir dores de cabeça intensas no início de fevereiro, quando estava grávida de nove semanas do seu segundo filho, noticiou a filial da NBC News WXIA-TV.

A jovem foi observada no Northside Hospital, que lhe terá dado alta sem realizar exames. No dia seguinte, o namorado de Adriana encontrou-a ofegante e a gargarejar.

A grávida foi transportada de urgência para o Hospital Emory Decatur, e transferida para o Emory University Hospital, onde uma tomografia computadorizada revelou que tinha vários coágulos de sangue no cérebro. Adriana ficou em morte cerebral e “tem estado a respirar através de máquinas há mais de 90 dias”.

“É uma tortura para mim. Vejo a minha filha a respirar, mas ela não está lá”, confessou a mãe da jovem, April Newkirk.

Os profissionais de saúde planeiam manter Adriana viva até às 32 semanas de gestação.

É que, recorde-se, o governador republicano Brian Kemp legislou a proibição quase total do aborto em 2019, que só entrou em vigor com a reversão de Roe v. Wade, em 2022.

A lei estabelece, assim, que a interrupção da gravidez é ilegal após seis semanas, ainda que algumas das exceções incluam a proteção da vida e da saúde da mulher, casos de violação e de incesto documentados junto das autoridades, e anomalias fetais.

De facto, April apontou que os profissionais de saúde informaram a família que o feto tem líquido no cérebro e que estão preocupados.

“Ela está grávida do meu neto. Mas ele pode ser cego, pode não ser capaz de andar, pode não sobreviver quando nascer. […] A decisão deveria de ter sido da família. Não estou a dizer que teríamos optado por interromper a gravidez, mas deveríamos ter tido oportunidade de escolha”, lamentou.

Um porta-voz da Emory Healthcare assegurou que as suas unidades de saúde fazem uso do “consenso de especialistas clínicos, literatura médica e orientação legal para apoiar” os seus profissionais nas “recomendações de tratamento individualizadas, em conformidade com as leis de aborto da Geórgia e todas as outras leis aplicáveis”.

“As nossas principais prioridades continuam a ser a segurança e o bem-estar dos pacientes que atendemos”, complementou.

A diretora executiva da SisterSong, a principal queixosa numa ação judicial que contesta a lei do aborto da Geórgia, considerou que os problemas começaram quando Adriana não recebeu o tratamento adequado para os seus sintomas.

"A família merecia o direito de ter poder de decisão. Em vez disso, suportaram mais de 90 dias de retraumatização, custos médicos caros e a crueldade de serem incapazes de avançar para a cura", disse Monica Simpson.

Leia Também: Médica perseguida por ativistas por fazer abortos legais na Polónia

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas