Os ministros dos Negócios Estrangeiros da UE chegaram hoje a acordo para suspender todas as sanções económicas ainda em vigor contra a Síria, a fim de ajudar a economia do país a recuperar após a queda do regime de Damasco, optando, porém, por manter as medidas restritivas contra o ex-presidente sírio, Bashar al-Assad, e a sua comitiva e relacionadas com violações dos direitos humanos.
Numa publicação na rede social X, António Costa saudou o levantamento: "Congratulo-me com a decisão de hoje da UE de levantar as sanções económicas contra a Síria. Esta decisão demonstra que a UE continua a apoiar o povo sírio, tal como fizemos no passado e faremos no futuro".
"Tal como transmiti ao Presidente interino da Síria, Ahmad al-Sharaa, em março, estamos empenhados em apoiar uma transição pacífica e inclusiva, liderada pela Síria e detida por este país, a fim de ajudar a construir um futuro melhor para todos os sírios", adiantou o líder da instituição que junta os chefes de Governo e de Estado da UE.
Através da mesma rede social, Ursula von der Leyen vincou: "Congratulo-me com a decisão de levantar as sanções económicas contra a Síria. O caminho para a recuperação ainda é longo, mas a Europa está disposta a trabalhar com a Síria ao longo desse percurso".
"Queremos ser parceiros no crescimento da Síria, juntamente com os nossos aliados na região e fora dela. A reconciliação é o primeiro e crucial passo para a reconstrução", concluiu a líder do executivo comunitário.
A decisão foi tomada numa altura em que a situação na Síria continua frágil, dados os recentes atos de violência contra civis e os ataques contra as forças de segurança.
Apesar de o anterior líder rebelde e atual Presidente de transição, Ahmad al-Sharaa, prometer um Síria inclusiva, o país tem testemunhado nos últimos meses confrontos sangrentos entre as novas forças de segurança, de maioria sunita, e as minorias religiosas alauita, a que pertence Al-Assad, e drusa, que tem o apoio de Israel.
Após quase 14 anos de guerra na Síria, grupos armados liderados pela Organização para a Libertação do Levante (Hayat Tahrir al-Sham, HTS) - anteriormente afiliada ao grupo terrorista Al-Qaida - tomaram Damasco em 08 de dezembro e depuseram o Presidente Bashar al-Assad, que fugiu para a Rússia.
Desde 2011, a UE e os seus Estados-membros -- os principais doadores de ajuda a nível mundial -- mobilizaram cerca de 37 mil milhões de euros em ajuda humanitária, ao desenvolvimento, à economia e à estabilização da crise síria.
Estima-se que os anos de conflito na Síria tenham levado à deslocação de cerca de metade da população, tanto dentro como fora do país, e que o número de pessoas que necessitam de assistência humanitária tenha chegado aos 16,7 milhões de pessoas em 2024, um máximo histórico desde o início da crise em 2011.
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