"Não acreditamos que [as atuais negociações] levem a quaisquer resultados", frisou o aiatola, num discurso em Teerão, acrescentando que negar o direito do Irão de enriquecer urânio foi "um grande erro".
O Irão e os Estados Unidos, inimigos há quatro décadas, iniciaram importantes conversações em 12 de abril, mediadas pelo sultanato de Omã, sobre a 'espinhosa' questão do programa nuclear iraniano.
"Esperamos poder chegar a um acordo com o Irão", destacou hoje, por sua vez, o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, durante uma audição do Senado em Washington.
As autoridades norte-americanas manifestaram publicamente a sua oposição a qualquer enriquecimento de urânio por parte do Irão.
Teerão, que defende o direito à energia nuclear civil, considera este pedido uma linha vermelha, contrária às disposições do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), do qual o Irão é signatário.
No domingo, o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Araghchi, que está a liderar as conversações pelo seu país, disse que o Irão irá continuar a enriquecer urânio "com ou sem acordo" com os Estados Unidos.
O seu interlocutor norte-americano, o enviado para o Médio Oriente Steve Witkoff, tinha anteriormente estimado que os Estados Unidos "não podiam autorizar sequer um por cento da capacidade de enriquecimento" para o Irão.
Os negociadores norte-americanos devem abster-se de "dizer disparates", sublinhou hoje Ali Khamenei, o principal decisor em questões estratégicas do país do Médio Oriente.
O Irão poderá ter energia nuclear civil importando urânio enriquecido, mas quer manter o seu programa de enriquecimento como uma "questão de orgulho nacional" e "um meio de dissuasão", frisou Rubio ao Senado norte-americano.
"Nos últimos dias, temos assistido a posições americanas que são contrárias a toda a lógica (...), o que prejudica seriamente o processo negocial", salientou hoje, por sua vez, Abbas Araghchi, na televisão estatal.
De acordo com o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, ainda não foi confirmada uma data para uma próxima ronda de negociações com os Estados Unidos.
Os Estados Unidos retiraram-se em 2018, durante a primeira presidência de Donald Trump, de um acordo nuclear multilateral concluído três anos antes com o Irão.
França, Alemanha e Reino Unido, bem como China e Rússia, são partes no acordo.
O texto previa o levantamento das sanções internacionais contra o Irão em troca da supervisão do seu programa nuclear pela Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA).
Segundo o organismo da ONU, o Irão estava a respeitar os seus compromissos até à retirada norte-americana, que foi acompanhada pelo restabelecimento das sanções americanas.
As negociações entre Teerão e Washington visam concluir um novo acordo para impedir o Irão de adquirir armas nucleares em troca do levantamento das sanções que estão a prejudicar a sua economia. O Irão nega qualquer ambição militar nas suas atividades nucleares.
Atualmente, o Irão enriquece urânio a 60%, muito acima do limite de 3,67% estabelecido pelo acordo nuclear de 2015, mas abaixo do nível de 90% necessário para o uso de armas, segundo a AIEA.
Desde que regressou à Casa Branca, Donald Trump reforçou a sua chamada política de "pressão máxima" contra o Irão com sanções adicionais destinadas a reduzir as suas exportações de petróleo e fontes de receitas a zero.
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