"Estamos no início da manobra 'Carruagens de Gideão', que tem um duplo objetivo: libertar os homens e mulheres raptados e derrotar o Hamas em Gaza", disse Katz durante uma visita à base naval de Ashdod, cerca de 30 quilómetros a norte da fronteira com Gaza, segundo um comunicado divulgado hoje pelo ministério que lidera.
Durante a visita, Katz percorreu com a marinha a costa de Gaza, onde centenas de milhares de pessoas que fogem da operação militar de Israel se aglomeram nas praias de Mawasi, no sul, e no porto da cidade de Gaza, no norte.
Depois de visitar a sede do Shin Bet (agência de informação interna de Israel), o ministro da Defesa disse que o movimento islamita palestiniano Hamas estava a "planear como proceder".
"A única coisa que o Hamas está a fazer agora é sentar-se e atualizar os alvos nas comunidades perto da fronteira aqui no Estado de Israel", disse aos soldados na base naval.
No sábado, as tropas israelitas começaram a penetrar cada vez mais no enclave palestiniano, avançando sobre a cidade de Deir al-Balah (centro), onde não tinham entrado desde o início da guerra, há 19 meses, e que era um refúgio para milhares de palestinianos, bem como onde estavam sediadas várias organizações internacionais.
Já nos dias anteriores, as forças armadas tinham aumentado os bombardeamentos em Gaza, o que fez com que, desde a passada quinta-feira, o número de palestinianos mortos em Gaza rondasse ou ultrapassasse a centena por dia.
Antes do início da operação, a agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos (UNWRA) estimava em 436.000 o número de palestinianos deslocados desde que Israel quebrou o cessar-fogo em Gaza, a 18 de março (embora 90% da população de cerca de 2,4 milhões já esteja deslocada).
No âmbito da nova ofensiva, Israel ordenou a retirada dos palestinianos de toda a província de Khan Yunis (sul), uma das mais densamente povoadas, para as margens de Mawasi.
A operação ocorre quando dois milhões de palestinianos enfrentam a fome, segundo a Organização Mundial da Saúde, após mais de dois meses e meio de bloqueio, por Israel, da entrada de qualquer camião com ajuda humanitária.
Alvo de forte pressão internacional, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, anunciou no domingo que iria autorizar a entrada de uma "quantidade básica de alimentos destinados à população, a fim de evitar o desenvolvimento da fome" na Faixa de Gaza.
Na terça-feira, entraram 93 camiões de ajuda humanitária da ONU, depois de na véspera apenas nove terem sido autorizados, o que a organização considerou de "uma gota de água no oceano" perante as necessidades da população.
A ofensiva israelita em Gaza, desencadeada pelo ataque do movimento islamita palestiniano Hamas em 07 de outubro de 2023, matou cerca de 53.500 pessoas em Gaza, a maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde do Hamas, que controla o enclave.
O ataque do Hamas causou a morte de 1.218 pessoas do lado israelita, na maioria civis, segundo uma contagem da Agência France-Presse (AFP) baseada em dados oficiais.
Das 251 pessoas raptadas nesse dia, 57 ainda se encontram na Faixa de Gaza, 34 das quais foram declaradas mortas pelo Exército.
Leia Também: Bigot é o novo enviado especial da UE no processo de paz no Médio Oriente