NATO. EUA garantem compromisso total com Aliança mas exigem investimento

O embaixador dos EUA junto da NATO, Matthew Whitaker, assegurou hoje que o compromisso norte-americano com a Aliança "permanece total e inabalável", mas exigiu que os aliados europeus aumentem com urgência os gastos em defesa.

Matthew Whitaker, embaixador dos EUA junto da NATO

© Omar Havana/Getty Images

Lusa
04/06/2025 14:01 ‧ há 2 dias por Lusa

Mundo

NATO

"Os Estados Unidos continuarão a defender cada centímetro do território da NATO", afirmou Whitaker, numa videoconferência de imprensa na sede da Aliança, em Bruxelas, em que a Lusa participou, e onde falou das propostas que Washington vai levar à cimeira da NATO, deste mês, em Haia.

 

"É fundamental que todos os aliados assumam plenamente a sua responsabilidade. Cada aliado deve investir pelo menos 5% do PIB [produto interno bruto] em defesa e segurança, começando agora. Isto não é uma sugestão - é a base do nosso poder de dissuasão", acrescentou Whitaker.

Para o representante dos Estados Unidos na NATO, a meta de 2032 para os aliados europeus atingirem os 5% do PIB, proposta pelo secretário-geral da Aliança, Mark Rutte, pode não ser suficiente, tendo em conta a urgência das ameaças com que a Europa lida.

Whitaker deixou claro que gostaria de ver o aumento de gastos em defesa acelerar já nos próximos meses e disse que vai levar essa proposta à cimeira de Haia.

A proposta norte-americana - impulsionada pelo Presidente Donald Trump - representa um salto ambicioso face à meta de 2% estabelecida em 2014.

Essa referência, frequentemente ignorada por muitos países-membros, tem sido "durante décadas um objetivo distante", embora o embaixador tenha admitido que "hoje, graças à liderança inovadora da América, estamos a assistir a um movimento real" de avanço nesse setor financeiro.

Whitaker lembrou que, desde as eleições presidenciais norte-americanas de novembro passado, mais de 20 países aliados anunciaram aumentos substanciais nos orçamentos de defesa.

"Antecipamos que todos os aliados atinjam ou ultrapassem os 2% ainda este ano", disse, mas advertiu que esse progresso "não é suficiente".

Questionado sobre a razoabilidade da nova meta, Whitaker respondeu com pragmatismo militar.

"As ameaças à NATO estão a crescer, e os nossos adversários não vão esperar que nos preparemos. Precisamos de forças modernizadas e prontas para combater qualquer ameaça - seja ela convencional, nuclear, cibernética ou híbrida".

Para Washington, o novo limiar de 5% não deve ser uma meta para a próxima década, mas um objetivo com caráter de urgência.

"Preferimos que os nossos aliados avancem com rapidez. Não podemos repetir erros como os de alguns países que apresentam planos que são promessas que só se cumprem daqui a 10 ou 11 anos".

Whitaker reiterou que o compromisso norte-americano com o artigo 5.º do Tratado da Aliança --- o princípio da defesa coletiva --- continua firme, mas lembrou também o artigo 3.º, que define a responsabilidade individual de cada Estado-membro em manter a capacidade de defesa.

"É razoável esperar que os nossos aliados estejam igualmente comprometidos com as suas próprias obrigações", considerou.

Um dos pontos debatidos com os jornalistas foi a capacidade de resposta da NATO a novas formas de guerra, em particular ao uso maciço de drones pela Rússia e por grupos apoiados pelo Irão.

Whitaker reconheceu que a proliferação de drones de baixos custos --- tanto ofensivos como defensivos --- está a mudar rapidamente a natureza dos conflitos armados e confirmou que os Estados Unidos estão a reforçar os investimentos em novos sistemas de defesa, também a partir da experiência em terrenos de conflito em que Washington está a financiar esforços de guerra.

"Estamos a aprender em tempo real com o campo de batalha da Ucrânia. Cada lição que podemos extrair da guerra moderna será incorporada no planeamento estratégico da Aliança", acrescentou o embaixador norte-americano.

Sobre a invasão russa da Ucrânia, Whitaker insistiu na posição de Trump.

"A guerra tem de acabar", disse o embaixador, sublinhando o custo humano do conflito, "milhares de mortos de ambos os lados, incluindo civis", ao mesmo tempo que reconheceu que não haverá uma solução puramente militar.

"O Presidente Trump acredita que o fim da guerra só pode ser alcançado por via diplomática. Ambas as partes têm de estar dispostas a sentar-se à mesa e negociar", disse o embaixador.

Interpelado sobre a ausência do Ártico nos novos planos de defesa da Aliança, Whitaker garantiu que a NATO adota uma abordagem de "360 graus" e as necessidades de defesa do flanco norte, incluindo Gronelândia e Canadá, estão a ser integradas nas revisões estratégicas.

"Trump está particularmente atento à segurança no 'High North'. Levei mesmo mapas do Ártico às minhas audiências no Senado para sublinhar a importância desta região para a nossa segurança coletiva", comentou o embaixador.

Sobre a possibilidade de a Rússia ser formalmente nomeada como "ameaça comum" na declaração final da cimeira da NATO em Haia, Whitaker escusou-se a confirmar, repetindo que o foco da cimeira será o reforço do compromisso com os 5%.

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