O deputado municipal do Chega Nuno Pardal, acusado pelo Ministério Público (MP) de dois crimes de prostituição de menores, questionou a vítima, um adolescente de 15 anos, sobre o que já tinha experimentado sexualmente e, dois meses após o crime, afirmou que "gostava" de voltar a ver o jovem, mesmo que fosse preciso pagar.
Nuno Pardal e a vítima conheceram-se no Grindr, uma aplicação usada para convívio entre homossexuais, segundo avançou o jornal Expresso. O caso terá sido denunciado à Polícia Judiciária (PJ) pelos pais do menor depois de terem tido acesso às mensagens do WhatsApp no telemóvel do filho.
A primeira troca de mensagens, de acordo com a SIC Notícias, ocorreu a 11 de julho de 2023, quando o dirigente do Chega disse: "Gostava de saber o que já experimentaste sexualmente". O jovem respondeu apenas: "Ainda não fiz sexo".
"Nunca estiveste com nenhum 'daddy'?", questionou Nuno Pardal, usando um termo para descrever homens mais velhos. O menor respondeu que "já" e o deputado questiona "que idade tinha". No entanto, o jovem, por pensar que Nuno Pardal se referia a ele, respondeu "16".
Após esta troca de mensagens, Nuno Pardal pediu que a vítima lhe enviasse imagens íntimas e combinou o encontro. Depois de um encontro junto a uma estação de comboios, os dois seguiram no carro do homem em direção a um pinhal. Durante o trajeto, segundo a acusação, o conselheiro nacional do Chega perguntou ao rapaz que idade tinha e este respondeu 15.
Nuno Pardal pagou o encontro sexual através de um código da aplicação MB Way no valor de 20 euros.
Dois meses após os crimes, Nuno Pardal voltou a tentar contactar o menor. A 20 de setembro de 2023, questionou: "Então, baby, desapareceste?". Sem resposta, afirmou: "Gostava de te voltar a ver" e "Se for preciso volto a pagar".
A Procuradoria-Geral da República (PGR) revelou, esta quinta-feira, sem indicar nomes, que deduziu acusação "contra dois arguidos, de 76 e 54 anos, pela prática do crime de recurso à prostituição de menores agravado".
"Os factos ocorreram em 2023. Em ambos os casos, o assistente, com 15 anos de idade à data, conheceu os arguidos na aplicação Grindr e combinou encontros com estes. No decurso dos encontros – um, no dia 12 de julho, com o primeiro arguido e outro, no dia seguinte, com o segundo arguido – o assistente, tendo previamente informado os arguidos da sua idade, manteve com estes relações sexuais a troco de dinheiro. O segundo arguido ainda voltou a tentar contactar o assistente em setembro desse mesmo ano com o propósito de marcar um novo encontro", lê-se na página da Procuradoria da República da Comarca de Lisboa Oeste.
Sublinhe-se que Nuno Pardal demitiu-se da vice-presidência da distrital de Lisboa do partido, depois de renunciar ao mandato de deputado municipal.
A informação foi transmitida pela Comissão Política Distrital de Lisboa, em comunicado assinado em conjunto com o Conselho de Jurisdição Distrital de Lisboa.
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