"Não tenho nada contra os 'tuk tuk' em si, acho é que há demais e, portanto, é preciso criar aqui um conjunto de regras e um conjunto de normas para que eles não sejam invasivos e não prejudiquem também a qualidade de vida do espaço público e das pessoas que querem circular pelas ruas", afirmou o socialista Miguel Coelho.
O autarca de Santa Maria Maior falava à margem de uma manifestação contra o projeto da Câmara de Lisboa para a construção do Hotel Social na Mouraria, concretamente na Rua das Olarias n.º 41 e 43, onde em frente há uma garagem de 'tuk-tuk'.
Questionado sobre a decisão da liderança PSD/CDS-PP na Câmara de Lisboa de impor a proibição de circulação dos 'tuk tuk' em 337 ruas de sete freguesias da capital, através de um despacho que entrará em vigor em 01 de abril, Miguel Coelho elogiou a medida, considerando "muito bem" a posição assumida pelo executivo municipal.
"Finalmente, a câmara resolveu intervir numa área em que eu tenho vindo a reclamar há muitos anos - à anterior câmara, mas a esta também -, que é preciso regular e é preciso também impor aqui um conjunto de regras, porque a atividade está a ser excessiva", salientou o socialista.
De acordo com o despacho assinado na terça-feira pelo vice-presidente da Câmara de Lisboa, Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP), que tem o pelouro da Mobilidade, na freguesia de Santa Maria Maior há 21 novas vias e arruamentos em que passará a estar proibida, a partir de 01 de abril, a circulação, a paragem e o estacionamento de veículos afetos à animação turística vulgarmente designados por 'tuk-tuk'.
"Ainda não vi a proposta ao detalhe, portanto não lhe posso dizer se está insuficiente ou não, mas é um bom princípio que o senhor presidente da câmara já tenha feito esta medida", indicou o autarca de Santa Maria Maior.
Apesar de concordar, o socialista deixou um aviso quanto à concretização da medida, referindo que "esta câmara vive muito de anúncios e depois não concretiza".
"Isto agora estamos no plano das promessas. A experiência que eu tenho com o senhor presidente da câmara [o social-democrata Carlos Moedas] é que sempre que ele quer fazer uma coisa, mas depois percebe que vai correr mal, ele recua", referiu Miguel Coelho, dando como exemplo a proibição dos automóveis a partir da Avenida da Liberdade para o Rossio, em que a câmara pôs uma sinalética, mas depois veio dizer que era apenas uma recomendação.
"Espero que este despacho não seja uma recomendação e seja mesmo para cumprir. Se for para cumprir, cá estarei eu para elogiar esta medida do senhor presidente da câmara", disse.
O despacho da câmara determina a proibição de circulação em várias vias das freguesias da Avenidas Novas, Arroios, Penha de França, São Vicente, Santo António, Misericórdia e Santa Maria Maior.
É nas freguesias de Santo António, Misericórdia e Santa Maria Maior que se concentra o maior número de arruamentos barrados aos 'tuk-tuk' através da colocação de sinalização vertical.
Pronunciando-se hoje sobre a decisão da câmara para regular a circulação e paragem dos 'tuk-tuk' na cidade, a presidente da junta da Misericórdia, Carla Madeira (PS), alertou para a eliminação de dezenas de lugares de estacionamento na freguesia.
A presidente da Junta de Freguesia de Arroios, Madalena Natividade, numa resposta escrita enviada à Lusa, congratulou-se com a decisão da Câmara de Lisboa relativamente à circulação dos 'tuk tuk'.
Na sequência do anúncio da medida na terça-feira, a Associação Nacional de Condutores de Animação Turística (ANCAT) disse compreender a necessidade da Câmara de Lisboa regular a circulação dos 'tuk-tuk' na cidade, mas apelou ao diálogo na elaboração de medidas, pretendendo "renegociar e avaliar" cada uma das ruas visadas.
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