Omer Shev-Tov, o refém luso-israelita libertado este sábado pelo grupo islamita Hamas, esteve "sozinho nos túneis" da Faixa de Gaza durante a maior parte dos 505 dias que esteve em cativeiro.
"Ele disse que esteve sozinho nos túneis durante o tempo todo. [Quase] 500 dias…", contou o pai, Malki Shem Tov, em declarações à estação estatal israelita Kan.
O jovem, atualmente com 22 anos, foi raptado por militantes do Hamas no Festival de Música Supernova no ataque de 7 de outubro de 2023 e levado para Gaza com um grupo de amigos, incluindo Maya e Itay Regev, que foram libertados durante o cessar-fogo de novembro de 2023.
Segundo contou ao pai, "nos primeiros 50 dias esteve com Itay e nos restantes dias sozinho". Durante os 15 meses que esteve em cativeiro, "não viu a luz do dia".
Ainda assim, Malki Shem Tov diz que o filho "continua a ser o mesmo". "O nosso Omer... Omer divertido, Omer otimista, apenas com menos 16-17 quilos", disse.
Sobre o facto de ter beijado dois militantes do Hamas durante a cerimónia de libertação, o pai diz que o filho contou que foi "obrigado a acenar e a beijar o guarda que estava ao seu lado".
"Ele disse que lhe disseram o que fazer. Nas imagens, pode ver-se que alguém se aproximou dele e lhe disse o que fazer", disse.
Segundo anunciou o presidente da Comunidade Israelita do Porto (CIP), Gabriel Senderwicz, Omer Shem Tov "estava em processo de obtenção da nacionalidade" quando foi raptado pelo Hamas no ataque de 7 de outubro.
Shem Tov, com 21 anos na altura do ataque, "já terá obtido" nacionalidade portuguesa, "segundo a embaixadora de Portugal em Israel", que "o confidenciou à família no final de janeiro último".
Esta manhã, além do luso-israelita, foram também libertados Omer Wenkert, de 23 anos, e Eliya Cohen, de 27. Os três foram sequestrados por guerrilheiros do Hamas no festival de música onde aconteceu o ataque de 7 de outubro de 2023, que desencadeou uma forte incursão militar israelita em Gaza.
Antes deles, também este sábado, já tinham sido libertados Tal Shoham, de 40 anos, e Avera Mengistu, de 39. Um sexto refém, Hesham al-Sayed, foi libertado posteriormente.
Após mais de 15 meses de guerra, que fizeram pelo menos 48.208 mortos e mais de 111 mil feridos, as partes em conflito alcançaram em meados de janeiro um acordo de cessar-fogo, que entrou em vigor a 19 de janeiro e previa a troca de 33 reféns israelitas mantidos em cativeiro pelo Hamas por centenas de palestinianos encarcerados em prisões de Israel.
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