"Não apoiem os terroristas", lia-se num cartaz com um desenho dos presidentes dos Estados Unidos da América (EUA) e da Rússia, Donald Trump e Vladimir Putin, respetivamente, a cumprimentarem-se com um beijo.
Outros diziam "russos, parem o Putin" ou ainda "a Ucrânia não está à venda" e "esta é a Ucrânia" num desenho incluindo todo o território e a informação de quantos quilómetros quadrados tem o país, uma vez mais em críticas ao Presidente dos Estados Unidos, que sugeriu que a cedência de territórios poderia ser um ponto nas negociações para a paz.
Entre testemunhos de quem viveu dias de guerra, a organização fez soar o toque de uma sirene de emergência, "para as pessoas perceberem o que os ucranianos têm no dia-a-dia", como explicou Pavlo Sadokha, representante da organização.
Este dirigente, em declarações aos jornalistas, teceu críticas ao chefe de Estado norte-americano, como outros intervenientes na manifestação, dizendo que "parece que Putin está a conseguir dividir a Europa" no apoio à Ucrânia, mas acreditando que "as palavras de Trump felizmente ainda são só palavras" porque, afirmou, o apoio do povo americano continua a chegar aos ucranianos.
Também o líder da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, um dos políticos presentes, lamentou que "todos os sinais da administração Trump sejam de alinhamento com os interesses de Putin".
Declarando a posição do partido de "combate a qualquer forma de tirania, seja dos seus aliados", Rui Rocha lamentou a ausência de representantes de alguns partidos, referindo-se especificamente ao Chega. O líder desta força política, considerou o liberal, está "no bolso de Trump", numa traição "à Ucrânia, à Europa e a Portugal".
Eurico Brilhante Dias, do Partido Socialista, foi outra das presenças na manifestação, mas optou por participar ouvindo as declarações de vários ucranianos chamados a partilhar a sua vivencia de três anos de guerra no seu país, enquanto a vereadora da Habitação da Câmara Municipal de Lisboa, a social-democrata Filipa Roseta, fez uma declaração manifestando apoio e pedindo o fim da guerra.
"Que a guerra acabe o mais rápido possível", foi o pedido de Marina Holasna, uma das manifestantes ouvidas pela Lusa, assim como Kateryna, que deixou de ouvir notícias porque percebeu que "psicologicamnete estava a ficar afetada", ou ainda o jovem Akim Kononets, 12 anos, que veio para Portugal com a sua mãe para fugir à guerra. Agora, quer voltar ao seu país, "onde estão os amigos e o resto da família", e emociona-se um pouco ao falar da avó que ficou lá "e não está bem".
Depois de cerca de uma hora de declarações e um minuto de silêncio concentrados no Rossio, os manifestantes dirigiram-se para o largo em frente à Câmara Municipal de Lisboa.
Esta manifestação na capital portuguesa foi uma das promovidas hoje pela Associação dos Ucranianos em Portugal para assinalar o terceiro aniversário da guerra na Ucrânia lançada pela Rússia, em 24 de fevereiro de 2022.
As concentrações decorreram também no Porto, Coimbra, Faro, Águeda, Albufeira, Santarém, Viseu e Funchal sob o lema "11 anos, Ucrânia defende a Europa!" - numa referência aos acontecimentos em 2014 que resultaram na anexação da Crimeia pela Rússia e na guerra separatista no Donbass - e fizeram parte de uma ação global da diáspora ucraniana.
[Notícia atualizada às 19h22]
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