"Duvidosa". Zero diz que estratégia para gestão da água é desequilibrada

A associação ambientalista Zero vê na estratégia para a gestão da água, hoje apresentada, uma "duvidosa aposta" em mais água para agricultura intensiva, que considera ignorar os desafios climáticos, com implicações ambientais, económicas e sociais graves.

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Lusa
09/03/2025 21:36 ‧ há 8 horas por Lusa

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A estratégia tem algumas prioridades certas, na avaliação da Zero, mas é desequilibrada entre ambiente e agricultura, diz a associação em comunicado enviado à Lusa, defendendo a necessidade de conhecer em detalhe o que a fundamenta e "um processo de consulta pública alargado", num tema que considera de "elevada importância" e com um investimento avultado.

 

A Zero destacou como positivas prioridades como o aumento da eficiência hídrica e promoção do uso racional da água, a redução das perdas de água nos sistemas de abastecimento público, agrícola, turística, industrial e a promoção da utilização de água residual tratada.

Mas considera que a estratégia apresentada hoje pelo Governo mostra uma "duvidosa aposta no forte aumento da oferta de água" para responder às exigências do setor agrícola, "favorecendo a expansão de um modelo intensivo e altamente consumidor de recursos hídricos".

Este caminho, sustenta a Zero, "ignora os desafios climáticos futuros e tem implicações ambientais, económicas e sociais graves, especialmente porque não assegura um equilíbrio adequado entre a resposta dada às necessidades agrícolas e a resposta a vertentes fundamentais como a eficiência hídrica e a necessidade de preservação dos ecossistemas".

A associação defende ainda que o "investimento avultado" previsto - de 5 mil milhões de euros -- exige uma calendarização detalhada dos investimentos e a identificação clara das fontes de financiamento.

"Um elemento fundamental a clarificar é a correção do valor da taxa de recursos hídricos pela agricultura, atualmente extremamente diminuto e inferior a 10% do total da receita, quando o uso corresponde a 70%", destaca.

A Zero diz que "existe o risco de canalizar recursos públicos para infraestruturas de utilidade duvidosa ou que, a longo prazo, não consigam responder eficazmente aos desafios colocados por situações de seca e de escassez hídrica".

A estratégia do Governo assume que haverá disponibilidade de água suficiente para encher novas barragens, mas a associação recorda que "as previsões climáticas indicam uma redução progressiva da disponibilidade hídrica em várias bacias hidrográficas do país, o que poderá tornar insustentável a captação de água".

Neste contexto dá o exemplo da construção da barragem de Alportel, uma das infraestruturas previstas, que "pode não conseguir garantir os volumes de água esperados", havendo por isso "o risco de um investimento elevado resultar numa estrutura subaproveitada ou ineficaz".

A ZERO apela ainda ao Governo para que, após a consulta pública, haja uma reavaliação da estratégia proposta, que será integrada no próximo Plano Nacional da Água, garantindo que a gestão da água seja feita "de forma responsável, equilibrada e com foco na sustentabilidade a longo prazo".

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, apresentou hoje a estratégia para a gestão da água, anunciando que terá um investimento estimado de 5 mil milhões de euros até 2030.

Com quase 300 medidas a implementar (algumas vão até 2050), a estratégia nacional "Água que Une" prevê a construção de novas barragens, redução de perdas nos diferentes sistemas e, como último recurso, interligação entre bacias hidrográficas.

Segundo o documento enviado aos jornalistas, a estratégia prevê um aumento da eficiência, através da redução de perdas de água nos sistemas de abastecimento público, agrícola, turístico e industrial, a utilização de água residual tratada, a otimização de barragens e a construção de novas.

A estratégia prevê ainda a criação de novas infraestruturas de captação de água, unidades de dessalinização e, em último recurso, a interligação entre bacias hidrográficas, estando também integradas medidas para restaurar ecossistemas fluviais e para uma gestão integrada da água.

O documento apresenta vários exemplos, divididos por regiões.

Leia Também: Estratégia para água prevê novas barragens e redução de perdas

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