Em declarações à agência Lusa, o biólogo Joaquim Teodósio explicou que sucesso reprodutor é o número de crias juvenis do tartaranhão-caçador ('Circus pygargus') que chegam à fase de voo por casal reprodutor ou por ninho.
"Em todo o Nordeste Transmontano, o aumento do sucesso reprodutor do tartaranhão-caçador em 2024 deve-se à implementação de medidas de conservação no terreno, promovidas pela Palombar e outros parceiros no âmbito da campanha 'Salvar o tartaranhão-caçador'", indicou o especialista em avifauna.
As ações em destaque neste projeto, de acordo com o biólogo, incluíram a monitorização contínua dos ninhos, dos quais sete eram de alto risco e foram protegidos com vedações.
Foram ainda resgatados 28 ovos de zonas com ceifa iminente ou abandono parental.
Também se desenvolveram em cativeiro 20 crias depois libertadas de forma gradual, através de um conjunto de medidas feitas em colaboração com agricultores e voluntários locais.
"Estas intervenções permitiram que 53 juvenis voassem, em vez dos 19 previstos, num cenário sem qualquer ação, traduzindo-se num aumento significativo da produtividade da espécie", vincou Joaquim Teodósio
Para os investigadores deste projeto ibérico, o cálculo do aumento percentual no sucesso reprodutor é feito comparando o número real de juvenis voadores com o número estimado sem intervenção.
"Também se pode dizer que tivemos 2,8 vezes mais juvenis voadores do que provavelmente teríamos sem intervenções", indicou Joaquim Teodósio.
O êxito reprodutivo, segundo os especialista envolvidos nesta ação ambiental deveu-se à campanha "Salvar o tartaranhão-caçador" implementada pela organização não governamental (ONG) de ambiente Palombar -- Conservação da Natureza e do Património Rural no Norte do país e agora integrada no projeto ibérico "LIFE SOS Pygargus", financiado em 75% pelo "Programa LIFE" da União Europeia e com cofinanciamento da Viridia -- Conservation in Action, Lightsource bp e Fundo Ambiental.
É implementado por um consórcio que integra a Palombar -- Conservação da Natureza e do Património Rural (entidade coordenadora), que tem sede em Vimioso, no distrito de Bragança, à qual se junta um conjunto de outros de vários setores da sociedade de Portugal e Espanha.
"Graças ao trabalho incansável dos técnicos da organização, dos agricultores locais, de entidades parceiras e de voluntários, em 2024, houve um total de 53 novos juvenis que levantaram voo, dando uma esperança para recuperação das populações da espécie em Portugal", afiança o também coordenador do projeto.
Para este ano está previsto "continuar a proteger esta ave icónica das searas, cuja população diminuiu 80% em 10 anos".
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