Presente na sua primeira convenção desde que é membro, João Rodrigues, estudante de 25 anos, garante, em declarações à agência Lusa, ter ido até ao Pavilhão Paz e Amizade, em Loures, sem quaisquer interesses e sem estar alinhado com qualquer candidatura, mas aponta facilmente o que está a falta ao partido: uma liderança com mais energia e que deixe o legado de João Cotrim de Figueiredo para trás.
É membro do núcleo dos liberais na Amadora e lamenta que o partido tenha ficado "muito refém da imagem de Cotrim de Figueiredo" - cabeça de lista da IL nas últimas europeias, o melhor resultado dos liberais nas recentes idas às urnas - e, acrescentou, não dê mostras de conseguir "manobrar-se para além disso".
Não apoia declaradamente Rui Rocha, nem o opositor Rui Malheiro, mas acrescentou que Cotrim, aquando da saída da liderança do partido, não se deveria ter apressado a manifestar o apoio ao atual presidente do partido, quando havia de surgir na corrida à liderança o nome de Carla Castro, entretanto desfiliada da Iniciativa Liberal.
João Rodrigues quer um partido com os olhos para o futuro, com uma comunicação mais próxima das pessoas e, sem nunca desvendar em quem vai votar, aponta a falta de dinamismo e energia na atual liderança como outro dos entraves ao crescimento do partido para lá dos 0,03 pontos percentuais de evolução conseguidos nas últimas legislativas - a última ida às urnas sem Cotrim na liderança.
Por outro lado, Carlos Costa, advogado estagiário de 23 anos e coordenador do núcleo do partido em Gondomar, não embarca nas críticas do colega de partido e apressa-se a defender a liderança de Rui Rocha.
Não concorda que o partido esteja preso à imagem do antigo líder Cotrim de Figueiredo, sublinhando que, embora o melhor resultado eleitoral recente dos liberais tenha sido nas europeias com uma candidatura encabeçada pelo antigo presidente, foi de Rui Rocha a opção por Cotrim nas eleições para o Parlamento Europeu, merecendo por isso ser também creditado pela boa prestação do ex-líder.
Garante também que a mensagem liberal está a chegar a todo o país e que o partido garante todos os meios para que isso aconteça, acrescentando que as críticas à difusão da mensagem surgem apenas dos membros do partido que "não estão efetivamente no terreno" e falam sem conhecimento de causa.
Ana Laura Carvalho tem 19 anos e diz ter sido a candidata mais jovem do país nas últimas legislativas, tendo avançado pela IL no círculo eleitoral de Coimbra. Apoia Rui Rocha, quer ver a lista de Bernardo Blanco a vencer as eleições para o Conselho Nacional e também não vê que o partido enfrente dificuldades de crescimento nem problemas em passar a sua mensagem, lamentando apenas a desunião interna.
Essa falta de união, explica em declarações à Lusa, não é causada pelo partido, mas sim "pelas pessoas que, apesar de criticarem muito, não ajudam" quando é preciso. O partido vai crescer, diz, e Rui Rocha deve ser figura central no futuro dos liberais.
Catalin Schitco já falou no púlpito neste primeiro dia de convenção e, à Lusa, disse também confiar no crescimento da IL e na liderança de Rui Rocha, mas reconhece que a complexidade de alguns assuntos abordados pelo partido possa ser um obstáculo, que está a ser gradualmente ultrapassado, quando se tenta levar a mensagem a determinadas franjas da população.
Internamente não identifica problemas que condicionem a ação do partido, nem vê dificuldades na comunicação, preferindo apontar para a "crispação política" e crescente polarização "alimentada pelos extremos" como o maior desafio que a IL terá de enfrentar nos próximos anos.
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