Os resultados das eleições para os órgãos nacionais e as várias intervenções dos membros do partido ao longo dos dois dias no pavilhão Paz e Amizade, em Loures, Lisboa, confirmaram que a IL se pacificou depois das divisões na convenção de 2023, em que Rui Rocha foi eleito com 51,7% dos votos.
Numa convenção tranquila, sem grandes surpresas, o nome da líder parlamentar e agora vice-presidente do partido, Mariana Leitão, 42 anos, foi confirmado como a candidata apoiada pela IL às presidenciais de 2026.
Um dos principais alvos de Rui Rocha nesta convenção foi o PSD, que acusou de "publicidade enganosa" e de ter um plano para o país que "não está a funcionar", razão para defender que a IL deve apresentar-se sempre sozinha a eleições legislativas.
Com as autárquicas no horizonte, o líder reeleito da IL assumiu que prefere perder um autarca a abandonar as principais bandeiras do partido, antecipando que só entrará em pré-coligações em casos excecionais e prometendo respeitar as decisões que forem tomadas pelos núcleos territoriais.
Eleito hoje com 73,4% dos votos, Rui Rocha sustentou que o partido está unido em torno de um programa político "praticamente consensual" e da sua liderança, assinalando que as divergências que se manifestaram na convenção não eram insuperáveis.
Dois anos depois de ter sido eleito à tangente, com 51,7% dos votos, contra os 44% de Carla Castro, Rui Rocha conseguiu assim afirmar-se como líder incontestável do partido, deixando o único rosto da oposição interna, Rui Malheiro, com apenas 26,6%.
Para tal, poderá ter contribuído a desistência do ex-candidato presidencial Tiago Mayan Gonçalves, que já tinha anunciado a candidatura à liderança em julho, mas acabou por sair da corrida após ter sido revelado que tinha falsificado assinaturas enquanto presidente de uma união de freguesias no distrito do Porto.
O líder da IL prometeu nesta convenção ser "mais ativo" no tema da segurança e anunciou um agendamento parlamentar para o dia 12 de fevereiro: um pacote legislativo que inclui o agravamento de penas e a expulsão de estrangeiros que cometam crimes graves.
Apesar de Portugal ser um país seguro, "há certos tipos de criminalidade em certas zonas do país onde tem havido dados algo preocupantes", justificou o presidente reeleito da IL, cuja moção de estratégia preconiza "menos Estado" para "mais liberalismo".
O foco no tema da segurança tinha sido reivindicado nos últimos tempos pelo deputado Bernardo Blanco, que protagonizou uma das poucas surpresas desta convenção ao conseguir vencer a eleição para o Conselho Nacional, obtendo 34% dos votos e 18 dos 50 mandatos.
Até agora vice-presidente do partido, Blanco decidiu deixar a direção do partido invocando motivos pessoais e, ao longo da convenção, foi um dos protagonistas silenciosos, subscrevendo seis moções setoriais (todas aprovadas) que pareceram estar em sintonia com as preocupações dos membros da IL.
Uma delas, intitulada "Afuera", pede à IL que se inspire "no movimento cultural protagonizado pelo Presidente argentino, Javier Milei", um dos nomes mais falados nesta convenção, com alguns membros a trazerem motosserras e outros a vestirem camisolas da seleção albiceleste com o nome do chefe de Estado argentino.
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