À saída da audiência com o Presidente da República, Rui Tavares lamentou a chegada "ao fim de linha muito rápido" com a queda do Governo e a "teimosia do primeiro-ministro", o que originou que Marcelo Rebelo de Sousa ficasse "com menos ferramentas para agir do que aquelas que a Constituição lhe dá".
Afirmando que 11 de maio será uma data da preferência do Livre para a realização de eleições antecipadas, o deputado do Livre considerou que isso "não pode colocar em causa a comemoração do 25 de Abril", vendo com espanto que se tenha colocado a questão do parlamento não fazer uma sessão solene.
Rui Tavares criticou a atitude de Luís Montenegro de não ter querido ouvido "as melhores recomendações" e ter "colocado os seus interesses políticos pessoais à frente do interesse público coletivo", o que considerou que levou o país à atual crise política.
"Ao querer manter-se como recandidato e não pedindo a demissão, o senhor primeiro-ministro obrigou o país a ir para eleições antecipadas, colocando-nos neste fim de linha", lamentou.
Acusando Luís Montenegro de ter escolhido "o seu interesse pessoal e não o interesse do país", na opinião do porta-voz do Livre "cabe agora às portuguesas e aos portugueses fazerem exatamente o contrário".
"Escolher o interesse do país contra qualquer chantagem política que seja feita sobre esse mesmo país", defendeu.
Para Rui Tavares, entre hoje e o dia das eleições, "seja qual for a data em maio escolhida", há "uma data muitíssimo importante" que é o 25 de Abril, no ano em que se completam 50 anos sobre o primeiro dia em que os portugueses votaram livremente.
"Vemos com espanto que seja sequer uma questão se a Assembleia da República fará ou não a sessão solene do 25 de Abril, nos 50 anos da eleição da Assembleia Constituinte", condenou.
A data das eleições "não pode nunca colocar em causa que os 50 anos das nossas primeiras eleições livres sejam solenemente celebrados na Assembleia da República", afirmou o dirigente do Livre.
"É uma decisão do Parlamento, mas achamos que temos que alertar o senhor Presidente da República", explicou, considerando que a não realização desta sessão seria um ultraje à história democrática de Portugal.
Sobre uma eventual coligação pré-eleitoral com o PS, Rui Tavares afirmou que este "foi um fantasma lançado pela direita".
"O Livre é um partido de convergência, é um partido de diálogo e não tem medo de fazer coligações quando elas se justificam. Agora, achamos que onde justifica coligações é a nível autárquico, porque não há possibilidade de fazer entendimentos pós-eleitorais", explicou.
Marcelo Rebelo de Sousa recebe hoje todos os partidos com assento parlamentar, na sequência da demissão do Governo PSD/CDS-PP causada pelo 'chumbo' da moção de confiança ao executivo.
[Notícia atualizada às 19h55]
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