O porta-voz do Livre, Rui Tavares, revelou que o partido está disponível para um entendimento com o PS, para uma maioria de Esquerda, e acredita que essa coligação "não enfraquece" o Livre.
"O PS sozinho no Governo é uma desgraça porque estiveram sozinhos no Governo com uma maioria absoluta e desperdiçaram-na. As pessoas não fazem bem em estar a entregar as chaves da governação ao PS porque eles vão precisar de freios e contrapesos dentro da própria governação. O Livre é um partido recente e procurará sempre o esforço de ser uma governação diferente em Portugal", argumentou Rui Tavares em entrevista no podcast Política com Assinatura, da Antena 1.
Rui Tavares recordou que o país, durante a Geringonça tinha um "mais alto grau de satisfação com a governação porque as pessoas perceberam que eram negociações duras, mas em benefício das pessoas" e assumiu que o Livre tem 'linhas vermelhas' que não revelará para já.
"Tenho uma visão da estratégia de negociação um bocadinho diferente da que se costuma assumir em publico. Um partido que torna públicas as suas linhas vermelhas, fazendo querer que está numa posição de força, na verdade está a colocar-se numa posição de fraqueza, deixando ao outro lado a capacidade de, a qualquer momento, abortar a negociação. O Livre deve ter as linhas vermelhas bem guardadas para si", defendeu o porta-voz do Livre.
O deputado considerou também que estas eleições legislativas antecipadas "não eram inevitáveis", porque a crise só surgiu num caso de "ética centrado no primeiro-ministro".
"Nem é no resto do Governo, na composição ou nos outros ministros, nem em políticas das quais discordo e que combatemos na Assembleia da República todos os dias, mas não é por discordarmos de políticas que um Governo tem de vir abaixo, o Governo tem a legitimidade do voto. Não era preciso nada de muito complicado nem que prejudicasse a sua família, bastava fazer o que fez agora o primeiro-ministro do Canadá, ou seja, entregar a empresa a uma gestão privada, independente, à qual o primeiro-ministro não tivesse acesso e que as pessoas que investissem nessa empresa soubessem que o primeiro-ministro não sabia", acrescentou.
Recorde-se que o Presidente da República anunciou na quinta-feira que vai dissolver o Parlamento e marcar eleições legislativas antecipadas para 18 de maio, na sequência da demissão do Governo PSD/CDS-PP liderado por Luís Montenegro imposta pela rejeição da moção de confiança ao Executivo a 11 de março.
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