"Há 800 mil votos que transitaram da Esquerda para a Direita de pessoas, muitas delas, que têm valores de progresso, que tem causas de justiça social e que se revêm ainda nos ideais de esquerda", disse Rui Tavares no lançamento da campanha para as eleições legislativas na Associação de Moradores da Bouça, no Porto.
Num discurso de cerca de meia hora, Rui Tavares salientou que essas pessoas veem, contudo, que não há uma eleição normal desde 2019 e que o país vai para a terceira eleição nesta década na sequência de uma crise política, nomeadamente após o colapso da 'Geringonça', o caso Influencer (que envolveu o então primeiro-ministro socialista António Costa) e o "Montenegrogate" (relativo à polémica em torno da empresa do atual primeiro-ministro, Luís Montenegro).
Na sua opinião, um partido que queira dar uma alternativa tem que ser um partido que diga como é que é possível viver sem esta instabilidade permanente e o Livre "sabe dizê-lo".
"É sabendo dizer claramente que se, por acaso, tem havido um pretexto de que o grande partido de centro esquerda, que é o PS, quer governar sozinho porque há uma esquerda incapaz de assumir responsabilidades, se ela existe não é, certamente, o Livre", frisou.
O porta-voz do Livre garantiu que o partido pode assumir responsabilidades legislativas no parlamento e responsabilidades executivas no Governo.
E acrescentou: "Que não seja por falta dessa clareza que haja pretextos ou desculpas para ceder à chantagem".
Perante uma sala com cerca de 150 pessoas, Rui Tavares considerou que a esquerda precisa também de reaprender a falar de liberdade.
A esquerda não pode nunca abandonar de vista a liberdade porque a liberdade é o seu valor fundador, insistiu.
"Uma esquerda que fala de liberdade e que reivindica a liberdade para a esquerda é uma esquerda que diz que para ser livre precisamos de todos", reforçou.
Segundo Rui Tavares, que chamou a palco os cabeças de lista pelos diferentes distritos, salientou que uma esquerda que sabe redefinir os seus objetos de desejo político em liberdade é uma esquerda que volta a conquistar a confiança do povo.
E o Livre está nessa senda, garantiu, acrescentando que também é preciso redefinir o papel do Estado e defender a democracia.
"É preciso defender o Estado social, é preciso defender a democracia, é preciso defender o Estado de Direito. Mas, meus amigos, quem só defende muitas vezes empata ou perde", concluiu.
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