José António Vieira da Silva discursou ao final desta tarde no comício que encheu o Theatro Circo, em Braga, numa intervenção onde deixou várias críticas a Luís Montenegro sobre a questão da sua empresa familiar, bem como vários alertas quanto à Segurança Social e a AD e os riscos da extrema-direita.
O antigo ministro trouxe uma pergunta que disse saber que "muitos não gostam que seja feita", mas que o deve ser todos os dias.
"Pode um primeiro-ministro em exercício de um dos cargos mais importantes da nossa democracia acumular com essa função uma espécie de empresa privada e familiar, que funciona na sua casa, com o seu telefone. Pode?", perguntou, ouvindo, mais do que uma vez um "não" em uníssono da plateia.
Para Vieira da Silva "não pode haver este conflito, essa confusão" e não pode haver alguém como Luís Montenegro que, "tendo cometido essa imoralidade", nunca tenha tido "a coragem de dizer a verdade".
"Quem diz 'afastemos esse tema' é porque quer proteger Luís Montenegro, é quem quer proteger essa imoralidade", condenou.
Sobre as pensões e o sistema da Segurança Social, o antigo responsável por esta tutela fez um percurso histórico sobre a posição da AD em relação a este tema.
"Para se reconciliarem com os pensionistas é preciso muito mais do que esses apoios do mês de setembro. Era preciso provarem que já não são os mesmos, mas são", criticou, comparando a AD ao escorpião na fábula com o sapo.
Segundo o antigo ministro do PS, a AD é "como o escorpião e, a atravessar o rio, vai-lhes a mão para a vontade" e lá haverá "outra reforma para cortar na Segurança Social".
"É preciso votar. É preciso votar no Partido Socialista e em Pedro Nuno Santos. Votar no partido que é, antes de qualquer outro, mais de qualquer outro, o partido do povo português. O partido de Mário Soares. Um partido que, ao contrário, de outros, nunca se engana nos adversários", enalteceu.
A propósito da "tão famosa reconciliação do PPD com os pensionistas", Vieira da Silva quis contar "a história" e recordou que, em 2014, o Governo de Passos Coelho e Luís Montenegro "enviou para o Tribunal Constitucional uma proposta" que "cortava cerca de 400 milhões nas pensões em pagamento".
"Depois de terem cortado pensões, de terem cortado o subsídio de férias e o subsídio natal, de terem aumentado as contribuições, propunham-se a aumentar os cortes", condenou, referindo que o Tribunal Constitucional chumbou esta propostas, mas o PSD insistiu e "enviou para Bruxelas um documento a dizer que continuava a ser necessário esse corte".
Segundo o antigo ministro, em 2015, "o PS ganhou as eleições e formou Governo" e não "foi necessário esse corte para o sistema de pensões".
"O sistema de Segurança Social está hoje, depois dos governos do PS, mais forte do que nunca. E é por isso, e só por isso, que o PPD de Montenegro este ano, lá se decidiu, por uma vez, a cumprir a lei. Apenas porque o PS deixou as condições para isso", apontou.
Vieira da Silva identificou "um adversário maior e um adversário perigoso" e "cada vez com menos pudor".
"Hoje a extrema-direita de Ventura já não se esconde. É contra Abril e contra os 50 anos da democracia", acusou.
Segundo o socialista, "a direita é hoje uma grande ameaça no mundo" e a "sombra dos inimigos da liberdade e da democracia está aí de novo".
"Não ganharão pela minoria que são. Ganhariam se a maioria que somos desistisse. Se baixasse os braços. Se não respondesse. Se não dissesse estamos aqui. Se não dissesse não passarão. Se recuarmos. Se desistirmos", enfatizou.
Vieira da Silva defendeu que a "Europa precisa ser um baluarte da liberdade e da democracia" e defender a paz, na Ucrânia como na Palestina.
[Notícia atualizada às 21h53]
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