O presidente do Chega, André Ventura, reforçou, esta quarta-feira, que o coletivo "foi o partido mais votado pelos portugueses no mundo inteiro", no rescaldo da atribuição de dois mandatos no círculo eleitoral da Europa e Fora da Europa.
"O Chega venceu as eleições desta noite. Foi o partido mais votado na Europa e Fora da Europa. No fundo, o Chega foi o partido mais votado pelos portugueses no mundo inteiro. Obrigado de coração por esta vitória enorme", disse.
O líder do partido de extrema-direita assumiu ainda que a sua palavra de agradecimento significa também "aceitar responsabilidades".
"Hoje não é só um dia de contagem de votos. Hoje é um dia de história de Portugal, um dia que será revisto no futuro como aquele em que um partido com seis anos rompeu com 50 anos de bipartidarismo em Portugal. Essa é, talvez, a maior mudança de regime que podíamos ter hoje. Mas é uma mudança de regime tranquila e saudável, é a mudança de regime de um povo que está cansado de 50 anos do mesmo, de 50 anos de conluios de interesses e de estagnação", complementou.
O responsável apontou que "hoje era fácil dizer que [o Chega] conseguiu em seis anos o que nenhum outro partido conseguiu", mas assumiu que não era esse o caminho que pretendia percorrer.
"O meu caminho nem é de festa inusitada, nem de celebração desproporcional. Ganhámos, mas quando se ganha em política, não é para se esfregar na cara dos adversários. É para trabalhar, trabalhar e trabalhar, em prol de Portugal. Por isso, assisti hoje com naturalidade a esta vitória; não a naturalidade da arrogância e do orgulho, mas do trabalho feito. E por saber que os nossos emigrantes, aqueles que tiveram de partir para outros países em busca de uma vida melhor, saíram daqui não zangados com o Chega, mas com o PS e PSD, e com 50 anos de uma governação que não lhes deu as respostas que precisavam de ter", acusou.
"Não seremos os líderes da destruição, do bota-abaixo pelo bota-abaixo, da crítica fácil"
Ventura equacionou que o voto da emigração no Chega é justificável por os emigrantes terem deixado "o nosso país para ir procurar noutros uma vida melhor para a sua família", ao mesmo tempo que "sabem bem o que é viver em países em que as fronteiras deixaram de existir e onde toda a bandidagem entrou de qualquer maneira para destruir os países em que estavam".
O presidente sublinhou que o Chega não ambiciona "vencer por vencer", tampouco "vencer como o PS e PSD, para distribuir lugares pelos amigos ou pelos mais próximos", mas sim para que "homens e mulheres, como aqueles que hoje votaram em nós pelo mundo inteiro, possam voltar para esta enorme nação que é Portugal e ter aqui um país digno".
"Neste dia em que o sistema político mudou para sempre e em que o Chega se assume como o partido líder da oposição, queria transmitir a Portugal o enorme sentido de responsabilidade com que encaro esta missão e o enorme sentido de responsabilidade com que este partido encarará esta missão. Não seremos os líderes da destruição, do bota-abaixo pelo bota-abaixo, da crítica fácil. Seremos o partido que, a partir de hoje, começará a construir uma alternativa para este Governo, não por este homem ou por esta mulher em concreto, mas porque acho que todos os sinais estão dados, dentro e fora do país, de que é preciso um outro Governo, de que é preciso um outro país e que a hora da mudança está a chegar aqui, a Portugal", considerou.
O líder da extrema-direita assegurou que o Chega será "o partido da ordem, da estabilidade, do escrutínio e confronto", que não esquecerá as suas origens ou raízes.
"Aqueles que esperavam que o partido, com estes resultados, se aburguesasse ou se acomodasse estão enganados. Quando for preciso sair à rua, sairemos. Quando for preciso voltar ao confronto, confrontaremos", disse.
E complementou: "Vamos vencer as próximas eleições legislativas em Portugal. Hoje é apenas o início do caminho que há seis anos traçámos para Portugal. Dissemos então que em oito anos seríamos o maior partido deste país. Muitos riram, muitos gozaram, muitos humilharam, muitos mandaram abaixo por mandar. Não é nesses que penso hoje. É em todos os outros, é nos que tiveram coragem. [...] Hoje já ninguém está a rir."
Dirigindo-se aos portugueses que "ainda têm alguma ansiedade", Ventura garantiu que "este partido tem a democracia na sua génese e na sua alma", tendo lutado "no terreno da democracia, [onde] conquistou, por mérito próprio, o lugar de maior partido da oposição".
"Foi firme, foi às vezes disruptivo e assertivo. Disse o que tinha de ser dito, não teve medo, mesmo quando tinha de afirmar que, se as minorias querem direitos, têm também de ter deveres. Não teve medo, mesmo quando tinha de afirmar que, se os imigrantes querem direitos, têm também de ter deveres e cumprir as regras", enumerou.
O presidente do Chega assumiu ainda que o partido "é um movimento de esperança", que ambiciona que Portugal possa "andar de cabeça erguida no mundo inteiro".
[Notícia atualizada às 23h02]
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