Apesar de já ter trabalhado com outros artistas, David Bruno continua a sua caminhada a solo (mas não sozinho) e lança agora o quarto álbum, 'Paradise Village', dedicado à terra que o acolheu mais 'recentemente' com muito "amor", Vilar do Paraíso.
O músico que leva Gaia ao coração de quem o ouve, considerando-se um "embaixador" da sua terra, esteve à conversa com o Notícias ao Minuto para falar deste novo trabalho, destacando também o artista que mais o influenciou neste mundo da música. Isto realçando, porém, a importância do pai no percurso que tem feito.
Quem o segue mais atentamente sabe que fez questão de experimentar as sugestões de restaurantes de Isaltino Morais, e partilhou as suas próprias observações. Nesse sentido, durante a conversa, o cantor deixa um convite ao presidente da Câmara de Oeiras.
Nesta entrevista pode também ficar a saber o 'top 3' de restaurantes de David Bruno da sua terra, e ainda qual seria a música que escolheria deste 'Paradise Village' para ser o hino de uma possível candidatura sua à junta de freguesia, isto depois de ter sido 'desafio' pelo Notícias ao Minuto.
Queria fazer uma pausa mais longa porque não se queria tornar num "músico chato", mas acabou por regressar mais cedo do que aquilo que esperava. O que sentiu neste regresso?
Quando digo chato, queria dizer uma pessoa que faz música por obrigação, como se fosse um trabalho em que tens de fazer aquilo porque sim. Ainda só fiz um concerto, que foi no GaiaShopping, a apresentação do álbum, mas nesse concerto e nas redes sociais (e as mensagens que tenho recebido) senti que fiz bem em voltar. Havia muitas pessoas que gostavam de mim e, afinal, parece que ainda há sede para me ouvir. Tenho sentido tudo de bom.
Fazer um concerto no Carpa seria igualmente de sonho para mim - embora fosse uma dimensão mais pequena
Esperava a enchente no GaiaShopping?
Para dizer a verdade, sim. Vamos ser honestos. Isso é um daqueles tipos de concertos de sonho para uma pessoa como eu. Lancei o meu primeiro álbum em 2018, ‘O Último Tango Em Mafamude’, e ele foi apresentado num shopping abandonado em Gaia, o Centro Comercial Vila Gaia. Depois de uma paragem de um ano e uns meses, voltar ao ativo, sobretudo na minha própria cidade, quando a minha música é sempre sobre a minha cidade – também por isso é que foi feito lá a apresentação do álbum, tinha um contexto -, estava à espera que aparecesse muita gente. Nunca esperei é que fosse realmente assim tanta. E é um daqueles concertos que não fica atrás do Coliseu em termos de memória, para mim.
E tendo sido este um concerto de sonho, qual seria o próximo palco de sonho que gostava de pisar e ainda não houve essa oportunidade?
Não é que seja um objetivo, o GaiaShopping também não era um objetivo para mim mas acabou por acontecer. É só ver a minha discografia e pensar nos álbuns que tenho até agora e os sítios em que falo. Fazer um concerto no Carpa seria igualmente de sonho para mim - embora fosse uma dimensão mais pequena. Todos esses sítios que falo nas minhas músicas são de sonho para mim. Simplesmente este [o GaiaShopping] é grande e tem condições. Olha, fazer um concerto ao vivo em Benidorm, por exemplo [risos].
É quase como os artistas que vão para um sítio muito longe de casa para poderem compor e criar. Consegui fazê-lo dentro da minha freguesia
Passou-se alguma coisa específica em Benidorm (que queira partilhar) [risos]?
Tenho! Tenho o álbum ‘Miramar Confidencial’ e a música ‘Bebe e Dorme’ [desse álbum] é dedicada a esses tempos e às memórias desses tempos. Seria também bastante especial. É só pensar nos álbuns que fiz até hoje, os sítios que são mencionados e que concertos se poderiam fazer aí…
Vilar do Paraíso é a sua mais recente morada. Podemos dizer que neste momento é o seu paraíso, que é um ’10 em 10’?
É completamente ‘10 em 10’, sim. E para já ainda é paradisíaco, porque isto é a freguesia que estava unida com Mafamude (agora vão se separar outra vez) e vim para aqui, curiosamente, na altura em que recebi a medalha de mérito da união de freguesias. Já na altura, quando recebi a medalha, lembrei-me que recebi uma medalha por arrasto de Vilar do Paraíso, não tinha feito nada por eles. Tinha um álbum sobre Mafamude, ‘O Último Tango Em Mafamude’, entretanto vim para aqui e, de facto, o ambiente é completamente diferente. Muito mais calmo, mais rural.
O sítio onde moro, a palavra-chave é capaz de ser a proximidade e comunidade – vou a pé a todos os lados e conheço os negócios todos daqui. Não poderia pedir melhor durante este período de hiato que fiz. É quase como os artistas que vão para um sítio muito longe de casa para poderem compor e criar. Consegui fazê-lo dentro da minha freguesia.
É a mesma equipa desde o primeiro dia e não tenho ambições de contratar pessoas e ter equipas maiores sem ser este grupo de amigos, porque eles criam um ambiente que me faz sentir confortável e que me ajuda a ter esta postura de músico independente e de artista humilde
Parte do seu público é da região de Lisboa. E eu própria já ouvi pessoas a dizer que fizeram questão de ir conhecer certos sítios de Gaia precisamente depois de ouvir algumas das suas músicas. Sente orgulho por ser, de certa forma, 'um guia turístico' da sua região, das suas raízes?
Um embaixador de Gaia. É das coisas que me dão mais orgulho é quando as pessoas, os donos dos sítios que menciono (restaurantes e afins), ou as próprias pessoas que me mandam mensagem no Instagram a dizer que estão no Carpa ou no Café Paraíso. E daí, também, ter aproveitado o lançamento deste álbum para retribuir à comunidade que me acolheu tão bem. Uma coisa é ires morar para um sítio, outra coisa é seres de lá. Agora posso dizer que sou de Vilar do Paraíso – ao fim de dois ou três anos cá.
A forma que encontrei para retribuir isso foi, uns dias antes do concerto no GaiaShopping, organizar uma espécie de excursão a Vila do Paraíso. Trouxe uma série de pessoas aqui num percurso que basicamente foi ao meu barbeiro [Barbearia Serpents], o restaurante onde costumo ir comer francesinhas [Café Paraíso] e um bar muito antigo aqui de cocktails [Mozart Piano Bar]. É tudo a dez minutos de minha casa a pé. Organizei esse evento para trazer cá as pessoas porque é a minha forma de retribuir à comunidade o amor que eles me dão. Dos meus maiores orgulhosos é agora receber mensagens das pessoas a dizerem que voltaram lá pessoas que conheceram no dia desse evento cultural.
© Instagram_davidbrunodegaia
É de 'Honestidade' que o seu trabalho é feito, como refere muitas vezes e, novamente, neste último álbum faz questão de deixar agradecimentos - como a Marquito (Marco Duarte) e a António Bandeiras (Renato Cruz Santos)... Que ingredientes é que essas pessoas trazem a este 'Paradise Village'?
O Marquito traz o seu talento, é um dos melhores solistas de guitarra de Portugal neste momento. Mas ele faz mais que isso. Não é só uma pessoa que toca guitarra, também participa muito ativamente na produção. Ele é mais jovem que eu mas é, às vezes, muito mais ponderado do que eu. Esse balanço… Gosto muito dele. Além de ser um guitarrista extraordinário que acrescenta à minha música algo de muito talentoso e único, é também produtor. O António Bandeiras, as outras pessoas a quem agradeço, embora não participem na música… Fazer música é um pouco como tudo na vida. Não é só a tarefa em si, é o ambiente à volta do que fazes.
Tenho sorte de ter uma equipa que trabalha comigo - assim como o meu road manager que trabalha comigo desde o início, ou o técnico de som, são pessoas que cresceram ao mesmo tempo que eu fui crescendo, até o meu teclista – que são pessoas que, mesmo que não fizessem nada, levava-os comigo na mesma aos concertos. E gosto de os ter por perto pelo ambiente que criam à volta do meu projeto. É a mesma equipa desde o primeiro dia e não tenho ambições de contratar pessoas e ter equipas maiores sem ser este grupo de amigos, porque eles criam um ambiente que me faz sentir confortável e que me ajuda a ter esta postura de músico independente e de artista humilde – que espero nunca perder. E todos eles têm também essa postura.
Os samples que utilizo, são tão rebuscados e vêm de coisas tão recônditas da Internet que se tivesse de ir procurar os direitos de autor para os fazer, não fazia, porque não encontrava o dono
Como é que se dá o 'love na marquise' (pois já disse na entrevista ao ‘Posto Emissor’ que transformou a marquise no seu estúdio)? Como é (na prática) o processo criativo?
É muito simples. Pelo menos a primeira fase da minha música, a composição, a gravação das vozes, faço questão que seja tudo aqui em casa. Mais uma vez, é esse ambiente honesto e de conforto. E é o que gosto de passar na minha música. A minha música é feita de inspiração e de histórias reais, de coisas que ouço aqui e ali. Tenho estúdio em casa, cada vez que ouço alguma coisa, chego aqui e faço. Depois, se for preciso vou fazer xixi à minha própria casa de banho, janto e ando outra vez 10 metros e vou para a marquise.
Este processo caseiro é uma coisa que me transmite – pelo menos a mim – muito conforto e permite-me estar muito à vontade, e pensar nas coisas de forma muito descomprometida. Às vezes basta mudares de sítio, ires para um sítio de trabalho, onde estão pessoas para, sem quereres (que eu já experimentei), a tua forma de pensar muda um bocado. Faço música em casa e o sentimento é o mesmo que as outras pessoas têm quando fazem coisas em casa, é de conforto.
E isso depois transparece no resultado final…?
Pois, isso dirão mais os ouvintes do que eu. Para mim transmite o conforto que sinto a fazê-la aqui em casa. Os ouvintes dirão se sentem o mesmo ou não.
Nunca teve nenhuma chatice com direitos de autor? Acha que este é cada vez mais um tema sensível? Qual a sua posição?
Este tema é sensível e quem reclama direitos de autor tem sempre razão. Quem cria algo tem de ser sempre defendido pela criação da sua obra. Estamos a falar dos samples e das vozes das outras pessoas, etc… A verdade, muitas vezes, não é que não respeite isso, mas explico por que não me preocupo com isso e não me sinto culpado por isso. Muitas vezes as pessoas também pedem músicas minhas para usar. O autor tem de ser sempre protegido e tem sempre razão quando alguém usa a sua obra e deve ser remunerado - que essa é a questão principal – de acordo com o que as outras pessoas estão a fazer com o seu trabalho.
Muitas vezes o que acontece é que as coisas que utilizo, os samples que utilizo, são tão rebuscados e vêm de coisas tão recônditas da Internet que se tivesse de ir procurar os direitos de autor para os fazer, não fazia, porque não encontrava o dono. Falando agora do uso de vozes como foi o caso do Pedro Abrunhosa. Como é tão específico sobre a minha terra que estou a falar, aqui ao lado, e não estamos a falar de música, estamos a falar do Pedro Abrunho a falar numa ação de campanha das eleições à Junta de Freguesia de Vilar do Paraíso, no canal de Youtube do presidente da Junta, são coisas que acho que não estou a roubar a sua obra enquanto autor de música. Mas estou a roubar frases e momentos de pessoas a falarem sobre a minha terra, a nossa terra. Nesse aspeto estou à vontade com os áudios.
O meu pai é que me incutiu o gosto pela música e pelo sampling, indiretamente. Ele é que me influenciou nesse aspeto porque treinou-me o ouvido
Já falou do orgulho por Rui Reininho, por exemplo, mas se pedisse para nomear três artistas que mais o inspiraram e que tiveram impacto no resultado que é hoje David Bruno, quem seriam?
O Rui Reininho deve ter sido das pessoas que mais me influenciaram, não a nível musical, mas do que é envelhecer e evoluir como músico. E do que é a postura de uma pessoa que tenha sucesso, evolui, cresce e como se relaciona com as outras pessoas. Nesse aspeto, o Rui Reininho é a pessoa que me ensinou mais – em termos de postura, do que é ser um músico. É um exemplo que levo para toda a minha vida.
E muitas vezes, na relação com músicos mais jovens, lembro-me da humildade com que o Rui Reininho trabalhou comigo e, sem obrigação, disponibilizou-se a estar até mais tempo do que era necessário connosco… Se o Rui Reininho esteve comigo assim, quem sou eu para agora estar aqui a armar-me em vedeta com os músicos mais jovens? E colaboro com toda a gente.
O resto, tenho um processo de sampling completamente autodidata. Ouvia muitos produtores, mas diria que quem me influenciou mais foi o meu pai. Ele é um grande colecionador de música. Nasceu e cresceu em Moçambique, e na altura lá tinham acesso a muitos discos que em Portugal continental não havia. Quando veio, trouxe esses discos todos. Quando eu era pequeno, ele mostrava-me muita música. Ele é que me incutiu o gosto pela música e pelo sampling, indiretamente. Porque, às vezes, ouvia músicas, sobretudo, no universo do hip-hop que usavam mais esses tipos de sampling dos anos anos 70 e conhecia-os por causa dele. Diria que ele é que me influenciou nesse aspeto porque treinou-me o ouvido, sem querer, e tenho que lhe agradecer.
Sente que a sua música contribui para dar um 'ar fresco' à música popular portuguesa - que leva as gerações mais atuais a dar atenção ao 'ser português' que pode ter ficado um bocado esquecido - mas com uma 'roupagem diferente'?
Isso já passou e há um subaproveitamento dessa portugalidade. Fala-se demais de portugalidade nos dias de hoje. Ter vergonha da nossa cultura é um fenómeno que já começou há muitos anos até noutros países – estou a pensar no C. Tangana, no Emir Kusturica (no cinema).
A melhor forma de te distanciares e de teres identidade é mostrares as características que te tornam único. E muitas vezes, se quiseres apoiar-te nas características do sítio onde nasceste e cresceste para mostrar a tua identidade como único, é o mais fácil. Porque, de facto, é verdade. Cada terra é a sua terra, tem os seus costumes, as suas pessoas…
Acho que hoje em dia até é utilizado demais esse termo de portugalidade, e é muitas vezes utilizado de uma forma excessiva. Há uns tempos até dizia a um amigo que isto da portugalidade não é preciso apresentá-la. Um cão não tem que dizer que é um cão. Olhas e vês que é um cão, não há dúvidas.
Não tenho vergonha nenhuma em me meterem no mesmo saco de artistas como o Nel Monteiro, ou um Graciano Saga
Sente que tem que haver uma 'normalização'?
As pessoas que queiram utilizar essa portugalidade é fazerem essa música e pronto. Não usarem esse termo como acho que é utilizado demais. Mas daqui a uns anos veremos. Passará também esta moda, virá outra. Mas a portugalidade vai ficar cá para sempre.
Sim, quando me refiro a este tema é porque há sempre aquelas pessoas (nestas gerações mais atuais) em que ouvir, por exemplo, um Nel Monteiro torcem o nariz. Mas se ouvirem um David Bruno, ou um Chico da Tina, já apreciam. E na verdade cada um dos artistas têm essa portugalidade, mas com uma 'roupagem diferente'.
Sim, e não tenho vergonha nenhuma em me meterem no mesmo saco de artistas como o Nel Monteiro, ou um Graciano Saga. Enquanto muitas pessoas que usam da bandeira de portugalidade e se lhes falarem desse tipo de artistas e disseram ‘esta música é parecida com a tua’, se calhar, sentem-se mal. De certa parte ajudei, mas não fui só eu em geral.
A minha música não é para um nicho, é para toda a gente. Muitas pessoas vão com filhotes pequeninos e outras vão com os pais mais velhos, com 60 ou 70 anos, ver os meus concertos
É supersticioso assumido e além de benzer o palco em cruz com a água do senhor da pedra e de terminar sempre os concertos com a música ‘O Pedrinho’, como revelou no 'Posto Emissor', o que mais podemos esperar dos concertos de apresentação deste novo álbum no Capitólio ou na Casa da Música?
E ouvir, pelo menos no backstage, a música 'Music Sounds Better With You', é um ritual também. Tenho a sorte de ter uma carreira que já conta com quatro álbuns a solo – tive outros projetos com outras pessoas, e como tenho a sorte de o público me poder deixar andar aqui, tenho o poder ou a escolha de em vez de ser um concerto sozinho com o Marco e o António Bandeiras, posso levar muitos amigos ao palco. Já fiz músicas com muitas pessoas que tiveram sucesso. Portanto, cada vez mais, os meus concertos – no GaiaShopping foi um bocado assim – são uma autêntica celebração. Primeiro da portugalidade, como nós falamos, e depois da diversidade.
Já trabalhei com a Gisela João que é uma fadista, com o Rui Reininho que é uma estrela pop, com o Mário Marlon Brandão dos Azeitonas, com o João Não que é um artista emergente de Gondomar, trabalhei com Mike El Nite… São todos perfis muito diferentes que, de alguma maneira, conseguiram adaptar-se a este meu universo de portugalidade e mostrar que a minha música não é para um nicho, é para toda a gente. E tenho visto isso, com muito orgulho, no público. Muitas pessoas que vão com filhotes pequeninos e outras que vão com os pais mais velhos, com 60 ou 70 anos, ver os meus concertos.
Testou a lista de restaurantes propostos por Isaltino Morais, por iniciativa própria e pelo próprio bolso, e fez as próprias 'reviews' no Instagram. Também está sempre a mencionar restaurantes, por Gaia especialmente… Mas se lhe pedisse para destacar os três melhores restaurantes de Gaia para as pessoas irem experimentar, quais seriam as escolhas?
Isso é uma pergunta mesmo complicada, ainda por cima sou amigo dos donos e eles depois dizem: 'foste dizer aquele e não disseste o meu'. Mas obviamente que vou ter que pôr o Carpa – tenho a música 'Mesa para dois no Carpa' e tenho medo. Cada vez que lá vou é quase como visitar uma avó com uma idade. Vejo fechar aqui à volta os restaurantes, ainda há uns tempos fechou aqui ao lado o 'Transmontano' – era um sítio de referência, muito parecido com o 'Carpa', os senhores eram de Trás-dos Montes e vieram para cá nos anos 70 ou 80, e tinham um restaurante de sucesso. O 'Carpa' é igual e os donos estão com alguma idade. Cada vez que vou e olho, sinto a mesma coisa quando ia visitar a minha bisavó, pensar 'será que é a última vez'.
Portanto, diria o 'Carpa', que espero que nunca feche, diria um restaurante aqui em Vilar do Paraíso que só abre aos almoços e é o mesmo sentimento – e parece que estamos no Gerês porque entras pelo portão da casa do senhor – e chama-se 'O Solar'. É um sítio tão autêntico, genuíno e honesto, e a comida é tão boa... E os preços parece que são mentira. Está sempre à pinha.
Para terminar – são todos sítios em que os donos ou são pessoas com idade ou têm algum problema – é um senhor que tem um problema na perna e tem um restaurante maravilhoso que fica na foz do rio Febros, que é o rio que passa no parque biológico de Gaia e vai dar ao Douro. Fica numa casa de pedra antiga, parece que estás na Régua, mas não, estás em Gaia. Esse restaurante é em Avintes e chama-se 'Cais do Esteiro'. O senhor é uma pessoa muito caricata, o Sr. Guedes, que tem uma voz que parece uma personagem dos 'Sopranos', mas muito atencioso.
Digo esses três por um critério muito simples para os outros não se chatearem comigo: prémios carreira. Por serem sítios com muito ano, a trabalhar muito bem e muito bons.
Tinha muita curiosidade em conhecer o Isaltino e é por isso que o assedio no Instagram. Gostava muito de o convidar a vir aqui
Tem tentado 'atirar o barro à parede' na esperança de conseguir almoçar com Isaltino Morais, e até já falou disso noutras entrevistas. Mas, afinal, qual é a proposta que quer fazer a Isaltino?
Eu assedio-o a toda a hora, mesmo. Gostava de o conhecer pessoalmente porque ele é um ex-recluso integrado na sociedade com grande sucesso. Acima de tudo, gosto da forma humilde como ele se relaciona com as pessoas, aparentemente, no que nós vemos. Tinha muita curiosidade em conhecê-lo e é por isso que o assedio no Instagram [risos], estou sempre a comentar - a equipa dele já deve estar farta de me ver nas caixas de comentários. Mas gostava muito de o convidar a vir aqui. Fui aos restaurantes onde ele foi, percebo, e digo: está convidado a vir comigo um dia destes a qualquer um dos três sítios anteriores que mencionei. Os três tem o perfil dele.
A música que escolhia como hino de campanha, obviamente, seria o tema '10 em 10'
Portanto, experimentou os restaurantes do Isaltino e gostava que o Isaltino também experimentasse os seus…?
Isso era um sonho! Mas se me convidassem para ir a Oeiras, metia-me no carro e ia já para almoçar ou jantar com ele - só para ter esse prazer. E levava umas prendinhas daqui, um saquinho tipo 'Preço Certo'. [risos]
Tem referido que um dia 'gostava' de se candidatar à junta de freguesia de Mafamude ou Vilar do Paraíso. Nesse sentido, sei que não é esse o objetivo neste momento, mas lanço o desafio de imaginar que se candidatava agora - e uma vez que a candidatura seria independente porque não se quer associar a nenhum partido -, qual seria o nome do partido? E deste 'Paradise Village', que música escolhia para ser o hino do partido? Porquê?
Não quero candidatar-me. Disse que era uma coisa que gostaria, eventualmente um dia. Teria algum prazer em fazer isso. Tinha de ser um slogan tipo o Valentim Loureiro, que era Valentim Loureiro, coração de ouro - acho que era assim. Como tenho esta paixão pelas travessas de inox, seria David Bruno, coração de inox. Não queria fundar um partido, não sou uma pessoa institucional, sou uma pessoa de movimentos. [risos] Teria de ser algo assim muito simples e relacionado.
A música que escolhia como hino de campanha, obviamente, seria o '10 em 10'. [risos] Queres agradar às pessoas e uma música que diz 'adoro tudo da cabeça aos pés, 10 em 10'… Com essa música como hino de campanha estava ganho.
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